Portugal
Centro de Arte Oliva inaugura projeto de artista Conimbricense
A exposição “Ana Vieira: Cadernos de montagem”, composta por 11 obras criadas pela artista entre os anos de 1977 e 2014, é inaugurada no sábado, no Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira, no distrito de Aveiro.
Apresentada como “projeto expositivo e editorial” por este centro de arte contemporânea, a exposição inclui “cinco instalações, objetos, desenhos e anotações” da artista, tem curadoria da conservadora Antonia Gaeta, da arquiteta Astrid Suzano e da conservadora e investigadora Sofia Gomes, e dá forma a uma das principais mostras individuais de Ana Vieira, desde as retrospetivas na Fundação Calouste Gulbenkian, em 2011, e no Museu Es Baluard, em Palma de Maiorca, em Espanha, em 2020.
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A natureza do universo cénico de Ana Vieira (1940-2016), que requer “montagens muito minuciosas” como as obras desta exposição testemunham, constituiu “o maior desafio” e “também a motivação para a criação do projeto”, em preparação há dois anos, proposto pelas curadoras ao Centro de Arte Oliva.
O objetivo das três curadoras e da direção artística deste centro passa por preservar e dar a conhecer “o olhar suscitado” por Ana Vieira, incluindo a criação de “cadernos de montagem”, como forma de garantir apresentações futuras das obras, como explica o ‘dossier’ da exposição.
“Fazer isto sem a artista, obrigou a equipa a juntar muitas peças tal como num ‘puzzle'”, lê-se nesse ‘dossier’, que dá como exemplo o trabalho de montagem e pesquisa necessário ao regresso da instalação “Ensaio para uma paisagem”, exposta uma única vez, há 27 anos: “Além da análise cuidada de toda a documentação existente, foram realizadas diversas entrevistas com pessoas que trabalharam diretamente com Ana Vieira na criação e montagem da peça”, para se “verificar todos os elementos materiais existentes, identificar as lacunas” e repor “mecanismos eletrónicos em falta”.
Esta instalação, apenas exibida em 1997 no Museu de História Natural e de Ciência, em Lisboa, é composta por sete paralelepípedos em diferentes materiais, que incluem mecanismos eletrónicos no interior, criando efeitos visuais e sonoros.
Das obras a expor em São João da Madeira, as curadoras destacam igualmente “Antecâmara”, mostrada pela última vez em 2011, na retrospetiva do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian.
Nascida em Coimbra, em 1940, Ana Vieira, “uma das artistas mais influentes” da arte contemporânea portuguesa, formou-se em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1964. Fez parte da exposição coletiva “Alternativa Zero” (1977) e recebeu o prémio da secção portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte, em 1991. Em Portugal teve a primeira retrospetiva no Museu de Serralves, em 1998, e uma mostra antológica no Centro de Arte Graça Morais em Bragança, em 2017. Está representada em diversas coleções portuguesas e estrangeiras.
Entre as suas obras contam-se “Ocultação/Desocultação”, “Ambiente: Sala de Jantar”, “Vénus”, “Arte da Fuga” e até uma ‘revisitação-releitura’ de “Le Déjeuner sur L’Herbe”, de Manet, numa complexidade disciplinar que cruza teatro, pintura, escultura, fotografia, som, ambiente e instalação.
A exposição “Ana Vieira: Cadernos de montagem”, feita em colaboração com o Banco de Arte Contemporânea e os filhos da artista, herdeiros do seu espólio, conta com um programa paralelo de “atividades de mediação”, entre visitas orientadas, visitas em Língua Gestual Portuguesa, oficinas e sessões “Pausa”, centradas numa única obra. Será ainda editado o catálogo “Ana Vieira: Cadernos de montagem”.
A mostra envolve o Centro de Arte Oliva e município de São João da Madeira, tem apoio da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea e estabelece-se em parceria com o Gnration, em Braga, o Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura de Guimarães e o Museu de Arte Contemporânea de Elvas.
“Ana Vieira: Cadernos de montagem” fica patente no Centro de Arte Oliva até 09 de março de 2025.
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