Política
CDU quer limitar trabalho por turnos
O dirigente comunista João Ferreira alertou hoje para a necessidade de limitar o trabalho contínuo e por turnos e acusou o PS e a direita de estabelecerem metas longínquas para desviarem atenções dos problemas do presente.
João Ferreira estreou-se como substituto do secretário-geral do PCP nas iniciativas no âmbito das eleições legislativas, uma vez que Jerónimo de Sousa está a recuperar de uma cirurgia de urgência a que foi hoje submetido.
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O membro da Comissão Política do Comité Central do PCP e candidato da CDU às legislativas pelo círculo eleitoral de Lisboa ouviu cinco testemunhos de trabalhadores, como, por exemplo, do Aeroporto Humberto Delgado, da TAP ou da Carris, todos a queixarem-se de abusos no recurso ao trabalho por turnos.
A pandemia foi bode expiatório para excessos e o dirigente comunista advertiu que há muito que deveria estar prevenido “o abuso da laboração contínua e trabalho por turnos”.
O PCP, prosseguiu, propõe a limitação do trabalho noturno e por turnos “às situações que sejam, técnica e socialmente, justificadas”, mas apenas se estiverem garantidas as “condições de segurança, de proteção da saúde, de garantia de proteção da maternidade e paternidade”, assim como de infraestruturas e serviços compatíveis com estes horários.
João Ferreira disse que também são necessários “subsídios e compensações adequadas” para todos os trabalhadores abrangidos, assim como a clarificação do trabalho noturno, fixando-o entre as 20:00 e as 07:00, e restabelecer a periodicidade no gozo dos dias de descanso rotativos.
No entanto, nada disto foi possível até agora pelas opções de PS e da direita, que o dirigente comunista acusou de ‘empurrarem com a barriga’ os assuntos.
“A verdade é que o PS, aliás, como a direita, gostam muito de com menos ou mais condições estabelecer para estas matérias metas longínquas que ficam lá longe, tudo para desviar a atenção dos problemas e da realidade do presente. Mas a vida dos trabalhadores e as dificuldades que eles enfrentam são aqui e agora. E é aqui e a agora a que esta necessidade tem de ser respondida”, sustentou.
À margem, em declarações aos jornalistas, o membro do Comité Central comunista referiu que os cinco testemunhos que ouviu são o reflexo das situações de milhares de trabalhadores em todo o país, nas mais diversas áreas.
Ou como diria a deputada e ‘número dois’ da CDU pelo círculo eleitoral de Lisboa “o trabalho por turnos, que deveria ser uma exceção, é cada menos excecional”.
João Ferreira faz dupla com João Oliveira na substituição de Jerónimo de Sousa, enquanto o secretário-geral comunista recupera da cirurgia à carótida interna esquerda, operação que foi “um êxito”, de acordo com uma nota divulgada hoje pelo partido ao início da tarde.
A CDU, que integra o PCP, PEV e a Associação Intervenção Democrática, concorre às legislativas de 30 de janeiro depois de em 2019 eleger 12 deputados (dez do PCP e dois do PEV) com um total de 332.473, ou seja, 6,33% do total de votantes (5.251.064), de acordo com informações disponibilizadas pelo Ministério da Administração Interna (MAI).
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