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Catedral de Notre-Dame de Paris reabre após cinco anos do incêndio
A Catedral de Notre-Dame de Paris reabre nos dias 07 e 08 de dezembro, após cinco anos do incêndio de 15 de abril de 2019, que causou danos significativos à estrutura do monumento com mais de 800 anos.
O fogo começou ao final da tarde no telhado do monumento gótico do século XII e provocou a destruição do telhado e do pináculo, instalado a uma altura de 96 metros, agora reconstruído respeitando a estrutura original.
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Em novembro, começaram os preparativos para a reabertura com os oito sinos restaurados a tocarem pela primeira vez e com o regresso ao monumento da estátua da ‘Virgem com o Menino’. Nesta reta final, o Presidente francês, Emmanuel Macron, visitou o local no dia 29 de novembro, agradecendo na ocasião aos trabalhadores e mecenas envolvidos no restauro.
A reabertura oficial está marcada para o dia 07 de dezembro, com dezenas de chefes de Estado e de Governo, em que apenas se sabe que o Papa Francisco estará ausente e que o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcará presença no evento. A abertura ao público será no dia 08 com uma missa de manhã, na presença de 150 bispos franceses e estrangeiros, e outra à tarde.
A primeira etapa da restauração envolveu a limpeza e escavação após o colapso do telhado, em que foram removidos toneladas de destroços, num processo difícil devido à falta de estabilidade, que exigiu, por exemplo, o desmantelamento dos andaimes queimados – 40.000 peças metálicas que pesavam cerca de 200 toneladas – que estavam instalados para restaurar a torre antes do incêndio.
Após este processo, ocorreram sucessivos atrasos devido à descontaminação por chumbo, à pandemia de covid-19 e a escavações arqueológicas, com a fase de reconstrução do monumento a começar apenas em 2022. Na altura, o Presidente francês e as autoridades da Igreja Católica apontaram a reabertura para o ano de 2024.
Classificada como um projeto monumental, tanto em termos de tempo como ao nível de recursos financeiros, a restauração da emblemática catedral envolveu técnicas inovadoras, como a impressão em 3D (três dimensões) para criar réplicas precisas de partes danificadas, e especialistas para proceder a todas as limpezas e restauros de grande parte do património.
O projeto teve um orçamento de 700 milhões de euros, mas os trabalhos em Notre-Dame terão de continuar até 2030, para concluir partes mais frágeis da catedral, como a decoração da nave.
O Governo francês comprometeu-se, desde o início, a financiar a maior parte da restauração com recursos públicos, que permitiram a conclusão rápida das obras de restauro, que incluiu a reconstrução do edifício e dos vitrais, a preservação das obras de arte, a proteção da estrutura e a modernização das infraestruturas de segurança.
O incêndio, na altura acompanhado em direto em todo o mundo, gerou uma onda de solidariedade à escala mundial, com 340.000 mecenas (pessoas e empresas) de cerca de 50 países, que permitiram exclusivamente através dos donativos a instalação do “estaleiro do século”.
A Fundação Notre-Dame, uma das quatro organizações autorizadas a angariar fundos como parte da subscrição nacional para a restauração e conservação da catedral, atualmente presidida pelo Arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, revelou em exclusivo ao jornal La Croix que angariou 350 milhões de euros para financiar a obra.
Em novembro, o chefe do projeto de restauro, Philippe Jost, afirmou que ainda restavam 140 milhões de euros dos fundos, montante que será utilizado para apoiar futuros trabalhos vitais de preservação do monumento gótico.
A reconstrução envolveu mais de 2.000 trabalhadores e especialistas, homens e mulheres, e 250 empresas ao longo deste período. De bombeiros a arquitetos, passando igualmente por pedreiros, carpinteiros, escultores, pintores ou técnicos de rapel, todos contribuíram para o “projeto do século”, como foi apelidado em novembro pelo Presidente Macron.
Graças a estes, a catedral parisiense ficou essencialmente fiel à sua configuração anterior e até com aspetos de segurança mais modernizados para evitar acidentes como o de 2019.
Durante a visita de novembro, o Presidente francês agradeceu aos envolvidos na restauração por terem “transformado o carvão em arte”.
Construída no século XII, a catedral era um dos monumentos mais visitados da Europa antes do incêndio, com cerca de 12 milhões de visitantes em 2017. A diocese espera agora receber 15 milhões de visitantes anuais.
Embora a partir de 16 de dezembro a catedral possa receber público para as missas e visitas agendadas, é esperado que só a partir de fevereiro seja retomada a normalidade das visitas e até lá 37.000 pessoas já se inscreveram, segundo a diocese.
É esperado que 40.000 visitantes passem diariamente pela nave, agora mais iluminada, que é composta por 1.000 retângulos de chumbo de 50 quilos, além de outros 1.000 para o coro suportados pela “floresta” (estrutura superior).
A catedral parisiense tem novo mobiliário, como um novo grande relicário na capela do eixo central, onde serão expostas três relíquias associadas ao momento da morte de Jesus Cristo, que foram retiradas à pressa durante o incêndio: a coroa de espinhos, um prego da crucificação e um pedaço de madeira da cruz.
O novo expositor, feito na Fundação Coubertin em Paris, possui cerca de três metros de altura e um estilo contemporâneo, que permite aos visitantes maior proximidade com a coroa de espinhos, que se encontra em Paris há quase oito séculos.
A decoração interior da catedral incluirá ainda três tapeçarias do artista espanhol Miquel Barceló e quatro outras peças de arte têxtil do pintor britânico Michael Armitage, nascido no Quénia, colocadas no corredor norte.
Notre-Dame contará com o regresso de concertos com solistas, orquestras e coros, mas também do seu impressionante órgão, que não foi danificado pelo incêndio, mas necessitou de uma desmontagem e de uma limpeza completa dos seus 8.000 tubos.
Um dispositivo de 6.000 polícias e ‘gendarmes’ (polícia militarizada) será mobilizado para garantir a segurança das cerimónias de reabertura, onde são esperados cerca de 50 chefes de Estado e de Governo, tal como aconteceu com a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos no final de julho, segundo o chefe da polícia de Paris, Laurent Nuñez.
A diocese de Paris lançou um projeto, apoiado por Macron, para a instalação de vitrais contemporâneos na catedral, sendo alvo de críticas por parte de cidadãos que pedem que os vitrais antigos sejam respeitados, numa petição lançada em dezembro de 2023 no jornal La Tribune de l’art que conta com 235.000 assinaturas. Embora os vitrais antigos sejam um exemplo das intervenções centenárias com trabalhos dos séculos XIII, XVII, XIX e XX.
Além disso, as autoridades religiosas francesas estão em conflito com a ministra da Cultura, Rachida Dati, que quer cobrar cinco euros de entrada por visitante para angariar fundos para a preservação do património religioso (o segundo maior do mundo com mais de 100.000 edifícios, em que cerca de 40.000 – construídos antes de 1905 – pertencem ao Estado), o que renderia 75 milhões de euros anuais.
O arcebispo de Paris defende a posição de livre acesso às igrejas e catedrais, até pela dificuldade logística de distinguir visitantes e religiosos, embora o ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, que tutela os assuntos religiosos, tenha apoiado a proposta, citando o exemplo da basílica da Sagrada Família, em Barcelona.
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