Autárquicas
Catarina Martins foi ao Cabedelo acusar o Governo de “falta de estratégia” na área do ambiente
A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Marins acusou hoje o Governo de falta de estratégia na área ambiental, nomeadamente na proteção costeira e nas actividades relacionadas com o mar.
“Não há ninguém no país que não perceba o impacto do turismo, o impacto do mar e o impacto do surf na nossa economia. Agora, também já é proverbial a falta de estratégia do Governo”, disse Catarina Martins, na Figueira da Foz, durante um encontro com elementos do movimento cívico SOS Cabedelo / Cidade Surf.
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O movimento de cidadãos defende que a manutenção da onda do areal do Cabedelo, a sul do rio Mondego, terá impacto direto na proteção costeira de uma faixa litoral com 40 quilómetros de extensão, até à Nazaré, através da passagem da areia acumulada na praia da Figueira da Foz – a maior praia urbana da Península Ibérica – para as praias a sul.
Catarina Martins também teceu críticas à atuação das autarquias na área ambiental: “as questões ambientais têm estado distantes das preocupações e, o que vemos aqui, é que quando se descurou a questão ambiental na realidade descurou-se também o potencial económico da região”.
Hoje, durante a visita da comitiva do BE, Miguel Figueira, do SOS Cabedelo, defendeu que são “precisamente as ondas” que constituem “a primeira defesa” de proteção da costa, caso existam bancos de areia que permitam a sua formação.
“As ondas rebentam e já não vão concentrar energia sobre a costa”, explicou.
“Há uma duna mais importante do que a duna terrestre: é a duna hidráulica [o banco de areia, no mar] quer é quem protege da erosão a duna terrestre”, adiantou Miguel Figueira.
A manutenção da onda implica que a deriva litoral (a corrente marítima que corre de norte para sul) transporte areia. Na Figueira da Foz, o movimento cívico aponta as obras do molhe norte do porto comercial – e, mais recentemente, o prolongamento desta infraestrutura – como responsável pela retenção de areia na praia, a norte, criticando a ausência de medidas alternativas que possibilitassem a reposição dos sedimentos a sul.
A praia da Figueira tem uma extensão de quase 600 metros e, de acordo com o SOS Cabedelo, a areia acumula-se, em comprimento mas também em altura, “barrada pelo paredão” do molhe norte.
“E, por via aérea, com a nortada, todos os dias são milhares de metros cúbicos que vão para o rio”, frisou Miguel Figueira.
O movimento cívico defende, a esse propósito, a instalação de um sistema de transporte de areias (bypass), com colocação de uma central de bombagem de água e areia a norte e tubagens por debaixo do rio que levem os sedimentos “para onde são precisos”, para as praias a sul.
“Se repusessem artificialmente a deriva, tinham uma poupança de milhões”, alegou.
Miguel Figueira frisou ainda que estão previstos investimentos de 50 milhões de euros “nos próximos anos” para a construção de paredões nas praias a sul da Figueira da Foz, tendo em vista, precisamente, a proteção costeira, decisão que contesta.
“Dizem-nos que o agravamento de custos deriva do défice de sedimentos. Mas então falta areia? Então se tenho aqui a mais [na praia da Figueira da Foz] porque não resolver esta equação?”, inquiriu.
Na resposta, Catarina Martins enalteceu o contributo do movimento SOS Cabedelo, alegando que não se podem fazer obras “a pensar no curto prazo, sem falar com quem conhece, sem estudar e sem ouvir”, considerando a participação cívica “determinante” nas decisões públicas.
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