A casca e o caroço do abacate contêm compostos bioativos valiosos oferecendo uma alternativa sustentável com benefício à saúde e potencial aplicação em diversos setores industriais. A descoberta é de uma equipa de investigadoras da Universidade de Aveiro (UA) que, numa segunda fase, quer fomentar a exploração mais sustentável do abacate através do reaproveitamento dos seus resíduos para produção de ingredientes de alto valor que possam ser utilizados nos setores alimentar, cosmético ou nutracêutico.
Os resultados da investigação demonstraram que os subprodutos do abacate Hass, a variedade mais produzida e consumida mundialmente, especialmente a sua casca, possuem biomoléculas com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. “Entre as biomoléculas de interesse destacam-se as gorduras como os ácidos gordos essenciais ómega-3 e ómega-6 e lípidos mais complexos que transportam estes ácidos gordos”, aponta a investigadora Bruna Neves, do Laboratório de Lipidómica da UA que, a par da investigadora Tânia Melo e da professora Maria Rosário Domingues assinam o trabalho.

Pela primeira vez, são identificados lipidos ricos em ácidos gordos essenciais ómega-3 e ómega-6 no abacate Hass. Curiosamente, observa a investigadora, “a casca do abacate contém uma maior quantidade de gorduras ómega-3, enquanto o caroço é predominantemente rico em gorduras com ácidos gordos ómega-6”. Além disso, “estes subprodutos do abacate são também ricos em ácido oleico tal como o azeite, sendo estas gorduras bastante benéficas para a saúde”.
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Assim, graças às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e ao facto de serem ricos em gorduras com ómegas-3, 6 e 9, sublinha Bruna Neves, “a casca e o caroço do abacate podem auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, contribuindo assim para o bom funcionamento do coração e para a saúde do cérebro, e reduzem o envelhecimento precoce além de serem bons para a saúde da pele”.
A equipa do Laboratório de Lipidómica da UA garante que a casca e caroço do abacate são ótimos candidatos para serem utilizados como fontes de ingredientes nutricionais e bioativos, tanto para alimentos quanto para produtos cosméticos. “Estes subprodutos podem ser utilizados como fontes de antioxidantes naturais, substituindo os sintéticos e, assim, aumentando a vida útil e melhorando a estabilidade oxidativa de produtos alimentícios, cremes e cosméticos naturais”, adiantam.
Além disso, a casca e o caroço podem ser usados como fontes de emulsionantes contribuindo para o desenvolvimento de alimentos e cosméticos mais ecológicos. Podem também ser usados como fontes de compostos de valor agregado em várias formulações (óleos, cápsulas ou ampolas), fornecendo ingredientes ativos que aprimoram as propriedades nutricionais e nutracêuticas dos produtos.
Portanto, lembra Bruna Neves, “ao reaproveitarmos esses subprodutos, não só evitamos desperdício e ajudamos o meio ambiente, como também promovemos uma economia circular e sustentável, aproveitando tudo o que o abacate tem a oferecer”.
Este trabalho apresenta resultados de uma das linhas de investigação do projeto de doutoramento de Bruna Neves, intitulado “Valorization of Portuguese AVOcado as a source of high added-value BIoactive lipids using OMICS-based approaches”.
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