Câmaras
Carlos Encarnação diz que metro vai avançar
O social-democrata Carlos Encarnação, ex-presidente da Câmara de Coimbra, considera que o projeto do metro está bem posicionado para beneficiar de apoios comunitários, por já ter “investimento feito num montante muito significativo”.
“Mesmo que tenha menor prioridade relativa, ganha sempre pelo grau de avanço que já tem”, afirma Carlos Encarnação à agência Lusa.
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Em 2012, o antigo autarca do PSD foi nomeado pelo Governo para coordenar uma comissão interministerial que produziu um documento com a reprogramação das obras do metro do Mondego.
Carlos Encarnação recorda que o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, indicou na altura que o trabalho da comissão “seria para organizar o processo de candidatura” do metro ligeiro aos fundos da União Europeia disponíveis no período de 2014 a 2020.
Na candidatura a apresentar, “o esforço de investimento português” seria o dinheiro já aplicado nas obras, sobretudo no Ramal da Lousã, que rondará os 150 milhões de euros.
“Era isso que estava combinado e que foi dito pelo secretário de Estado dos Transportes aos presidentes de Câmara envolvidos”, sublinha Encarnação.
Posteriormente, em 2013, o Governo criou o grupo de trabalho para as Infraestruturas de Alto Valor Acrescentado, que incluiu o metro do Mondego, em 15.º lugar, numa seleção de 30 projetos ferroviários, segundo o relatório final apresentado há um mês.
“Uma das coisas que pode fazer com que projetos que tenham eventual prioridade sejam ultrapassados por projetos que tenham teoricamente menos prioridade é, justamente, o estado de avanço do projeto”, acentua.
O projeto do metro “tem investimento feito num montante muito significativo”, faltando “apenas definir o futuro dele do ponto de vista empresarial e o contributo das Câmaras” em termos financeiros, salienta o ex-presidente da comissão que reprogramou os trabalhos em falta.
Contudo, o empreendimento “só tem equilíbrio económico se incluir a parte urbana”, articulando o metro com o sistema dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, preconiza.
“Se o projeto for candidatado apenas com a parte não urbana (Ramal da Lousã), levará um realíssimo chumbo da parte de quem aprecia a aplicação dos fundos comunitários”, adverte Carlos Encarnação.
Ana Bastos, docente da Universidade de Coimbra, enfatiza à Lusa “o compromisso político assumido pelo anterior Governo”, de José Sócrates, para concretizar o projeto, vindo depois a suspender a obra.
“A sua interrupção violou expectativas entretanto geradas, quer nos habitantes, quer em potenciais investidores, com repercussões muito negativas para a economia local”, lamenta.
Na decisão do atual Governo, “deve pesar o facto de a obra já ter sido iniciada e de terem sido investidas umas largas dezenas de milhões de euros”, segundo a especialista em mobilidade.
“As obras já executadas, além de em grande parte não servirem a população, tendem a degradar-se ao longo do tempo”, evidencia Ana Bastos.
Além de criticar o arrastamento do projeto do metro, o arquiteto António Bandeirinha lembra que o IC3 é “o único eixo do Plano Rodoviário Nacional que tem Coimbra como destino”.
Mas a sua inserção na cidade “é uma coisa absolutamente execrável”, critica Bandeirinha, considerando que Coimbra “tem vindo a perder a capacidade de integrar no seu tecido urbanos as novas frentes de acessibilidade rodoviária”.
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