Coimbra

Canábis em alimentos, cosméticos e combustíveis!

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 07-11-2018

Produtores nacionais e estrangeiros querem produzir cânhamo a nível industrial em Portugal para posterior aplicação em produtos alimentares e de cosmética, numa utilização que no futuro pode chegar aos combustíveis.

Imagem de arquivo

Para sensibilizar os partidos políticos com assento parlamentar e o Governo para as vantagens de investir nesta produção a nível industrial em Portugal, cinco produtores decidiram criar a Associação Pró-Cânhamo, que vai ser constituída em assembleia geral no decurso da 2.ª Feira Internacional de Cânhamo do Porto (CannaDouro), marcada para os dias 17 e 18.

Em declarações à Lusa, Tiago Vasquez explicou hoje que na base da constituição da associação “estão pessoas que produzem ou querem produzir cânhamo” e que o querem passar a fazer a “nível industrial em Portugal”.

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Depois de há um ano na CannaDouro terem sido dados os primeiros passos para a legalização em Portugal do uso da canábis para fins medicinais, a feira, que volta à Alfândega do Porto, servirá também de berço a esta associação que pretende dar “mais um passo” no relacionamento com o cânhamo.

“Estamos a falar de uma parte que não é nem medicinal nem tem efeitos psicoativos e que sentimos que não está a ser tratada nem discutida de maneira aceitável”, salientou o promotor da nova associação, que vai agregar um “grupo de produtores que reúne portugueses, espanhóis, holandeses e alemães a viver em Portugal”.

Oriundos de Sintra, Vila do Conde, Porto, Fundão e Coimbra, os promotores querem aproveitar a feira para “reunir vontades e elaborar estratégias”, uma vez que os “alvos” estão definidos, acrescentou Tiago Vasquez, ciente de que em Portugal “há uma grande dificuldade em produzir cânhamo por causa da droga, da parte psicoativa”.

“Não temos nada a ver com isso, queremos, essencialmente, produzir produtos alimentares e industriais”, disse, dando como exemplo ” bolachas, massa, barrinhas de cereais, sendo que o óleo de cânhamo pode ser adicionado a qualquer produto, dando-lhe os [suplementos alimentares] Ómegas 3, 6 e 9″.

No horizonte dos produtores estão “também cosméticos, como os champôs e sabonetes”, sendo que “num futuro próximo” querem também produzir “têxteis, papel, combustíveis e cordas”, tentando, dessa forma, “inovar e criar uma indústria transformadora em Portugal com matéria-prima e mão de obra nacionais”.

Os limites do nível de tetraidrocanabinol (THC) – principal substância psicoativa da planta – são, neste cenário, uma realidade para a qual a associação pretende sensibilizar os políticos, defendendo a sua alteração e passando, se possível, de 0,2% para 1%, porque nem nessa concentração “tem efeito psicoativo”.

“A lei [que estabeleceu os 0,2%] foi criada no norte da Europa em climas que têm pouco a ver com o nosso. O clima português, devido ao sol e ao calor, faz com que a planta amadureça, tornando-se difícil, mesmo com a semente ideal, garantir que temos 0,2%”, explicou Tiago Vasquez, apontando o “1%, como sucede na Suíça, sendo que chegar aos 0,4% ou 0,5% já era uma mudança”.

A CannaDouro, refere a organização, tem como objetivo o “desenvolvimento do cultivo de cânhamo em Portugal, dando voz aos produtores já instalados e auxílio a todos os que procuram dedicar-se a esta cultura”, num espaço de exposição e de debate público em torno da “utilização do cânhamo em todas as suas vertentes: industrial, recreativa e medicinal, fazendo frente ao preconceito relativamente a esta planta versátil”.

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