Coimbra

Câmara e Governo colidem nas estradas da Serra da Boa Viagem

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 30-10-2018

 

A Câmara da Figueira da Foz insiste na limpeza e desobstrução imediatas das estradas da serra da Boa Viagem afetadas pela tempestade Leslie, mas o Governo mantém que a circulação só será aberta depois do inverno.

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O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), entidade, que tutela a Mata Nacional do Prazo de Santa Marinha, também conhecido como Parque Florestal Manuel Alberto Rei, assumiu na semana passada que os trabalhos de remoção de centenas de árvores que caíram ou foram destruídas na serra da Boa Viagem pela tempestade Leslie irão durar seis meses, prazo que o vereador Miguel Pereira considerou, na altura, inaceitável.

Por seu turno, em resposta escrita enviada à agência Lusa, o ministério da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural reitera que os trabalhos na serra da Boa Viagem irão decorrer “até ao final do inverno, pelo que entretanto não será autorizada a circulação, de forma a proteger pessoas e bens”.

“A Câmara Municipal quer aquilo limpo o mais rapidamente possível. Seis meses não são aceitáveis”, disse hoje à agência Lusa Miguel Pereira, vereador com o pelouro do Gabinete Técnico Florestal e que coadjuva o presidente da Câmara nas questões relacionadas com a Proteção Civil.

O autarca indicou que a Câmara Municipal tem “tudo preparado” para limpar as estradas da mata nacional – nomeadamente os dois troços de acesso ao miradouro da Bandeira, pela zona da capela de Santo Amaro, os mais atingidos pela tempestade – e que vai começar a recolha de “galhos e ramos” num dos acessos à serra (na estrada que parte da cidade, na zona dos Quatro Caminhos e sobe pela povoação da Serra da Boa Viagem) “até chegar lá” à zona afetada no parque florestal Manuel Alberto Rei.

“Não vamos incentivar a que as pessoas vão à serra. Até podemos manter as barreiras [da Proteção Civil, que vedam acesso ao local] mas as estradas têm que estar transitáveis. Se alguém se mete lá [no parque florestal] e tem de ser socorrido, a circulação tem de se fazer”, enfatizou Miguel Pereira.

Na resposta enviada à agência Lusa, Governo e ICNF indicam que os trabalhos de desobstrução já se iniciaram, uma alusão não à zona em causa, mas a um troço de estrada anexo entre a povoação da serra da Boa Viagem e um restaurante existente no lado oeste do parque florestal, onde existem acessos a algumas casas.

Esses trabalhos decorreram “de imediato” após a tempestade de 13 de outubro: “O ICNF procedeu, em articulação com a Proteção Civil municipal, aos trabalhos de desobstrução das estradas de acesso a casas, povoados e aldeias” na sequência dos danos causados pelo temporal, lê-se na nota.

No texto, o ICNF informa que já se iniciou a avaliação do estado das árvores atingidas na serra da Boa Viagem, “cujo número atinge a casa dos milhares” e na sequência da qual será apresentado um relatório preliminar em meados de novembro.

“Trata-se de árvores, em muitos casos, centenárias e de elevado valor económico, cuja avaliação deverá estar concluída dentro de duas semanas, altura a partir da qual poderão ter início os processos de alienação de caráter urgente”, indica.

De acordo com a mesma fonte, “seguem-se os trabalhos de exploração florestal, que estarão dependentes das condições meteorológicas, e a monitorização do grau de risco de queda das árvores remanescentes”, previstos para durar até final do inverno, não sendo autorizada a circulação até lá.

O ICNF diz ainda ter atuado “com caráter de urgência, de forma responsável e preventiva” na Mata Nacional do Prazo de Santa Marinha na sequência da tempestade Leslie “em consonância com a tutela” do ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

O texto adianta que os trabalhos de avaliação dos prejuízos provocados pela tempestade “que estão já em curso, bem como a definição dos passos seguintes, são da responsabilidade do ICNF, que contará com o envolvimento da autarquia no desenvolvimento da intervenção”.

Já sobre a elaboração do Plano de Gestão Florestal da Mata Nacional do Prazo de Santa Marinha – cujo ordenamento é reclamado pela autarquia da Figueira da Foz – a nota do Governo e do ICNF indica que ela terá início “após a avaliação do impacto da tempestade Leslie na mata”.

“O plano deverá ter em conta os trabalhos de exploração florestal, que se seguirão à avaliação em curso”, sustenta.

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