Autárquicas

Câmara de Coimbra “dá Audi A6” a “criativos” da campanha autárquica de Manuel Machado

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 08-05-2014

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Investigação Notícias de Coimbra revela que a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) celebrou um contrato por ajuste directo para a realização de serviços de comunicação com empresários que fizeram a campanha partidária que levou Manuel Machado (MM) aos Paços do Concelho.

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Confirma-se assim o rumor que tem corrido nos círculos jornalísticos e políticos desde as últimas eleições autárquicas, constatando-se que o lema usado por MM, o já mítico Valorizar Coimbra é inspirado no nome da empresa que vai receber um valor idêntico ao custo do Audi 6 adquirido pelo município (mais uma que leu primeiro aqui), existindo mesmo quem garanta que o slogan é inspirado em anúncios desenvolvidos pelos adjudicatários para empresas de tratamento de resíduos.

Apesar da CMC ter nos seus quadros no activo ou “emprateleirados” mais de um dezena de profissionais com competências nas áreas da comunicação social e organizacional, jornalismo, marketing e relações públicas e do novo senhor da 8 de Maio ter reforçado os serviços com a contratação de um jornalista que passou por gabinetes governamentais (colega de universidade e de jornal dos sócios da empresa que agora é contratada), o líder da autarquia contratou mesmo uma empresa, cujo nome omitiu quando ainda tinha de contar com uma maioria de votos para adjudicar valores inferiores a 75 000 Euros (ver anexo 1), o que pode configurar uma eventual violação da Lei que impede a adjudicação de serviços quando o adjudicante dispõe de recursos humanos necessários para executar o que pretende comprar externamente, não se verificando a necessária”ausência de recursos próprios”.

Notícias de Coimbra teve acesso ao contrato de “Prestação de serviços de consultadoria de comunicação” celebrado entre o Município de Coimbra e a Valor de Fundo – Sistemas de Conhecimento Estratégico Lda (ver anexo 2), documento que formaliza um ajuste directo no valor de 54 120.00 Euros, onde a fornecedora lisboeta se compromete a fazer à distância o que os funcionários municipais produzem ou podiam produzir no seu local de trabalho.

A Valor de Fundo tem como gerentes José Manuel Vieira Fernandes Leitão Diogo (JMD) e Luís Miguel Ramos Gilzanz Viana (LMV), dois antigos estudantes em Coimbra, cujos interesses se cruzam na capital em várias empresas com objectos sociais idênticos e escritórios em comum.

O primeiro, que adotou o nome artístico de José-Manuel Diogo, é um profissional bastante inteligente e criativo, com um ego fora do comum, é fundador da Agenda Setting, uma agência que propagandeava ser o player que conseguiu obter mais ajustes directos nos tempos do governo Sócrates, superando mesmo as grandes consultoras lisboetas.

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Entre os negócios que deram nas vistas contam-se as campanhas de inauguração de vários centros de alto rendimento, os célebres CAR, sendo os (altos) valores das iniciativas mediáticas pagos pelo directamente pelo Instituto do Desporto ou através de fundos transferidos pelo Governo para as autarquias anfitriãs dos “inventos” promovidos pela Secretaria de Estado do Desporto liderada por Laurentino Dias.

A referida Agenda Setting – Processamento de Dados, Lda (AS) chegou mesmo a ser investigada e alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária, diligências efectuadas no âmbito de processos relacionados com “vendas directas” a entidades tuteladas pelo Ministério da Agricultura, não tendo NDC conhecimento em que fase se encontra o caso onde se regista uma grande cumplicidade entre contratante e contratado.

Com o passar dos anos e a mudanças de protagonistas do lado de quem manda, a imagem da sociedade “foi caindo” no mercado, tendo perdido muitos dos clientes conquistados nas áreas do governo e das autarquias, ao ponto de ter despedido todos os funcionários, encerrando a sede em Santa Apolónia, em Coimbra, passando a actividade operacional a ser desenvolvida através de escritório(s) em Lisboa, onde conseguiu entretanto estabelecer relações com clientes como a Multi Mall Management, gestora, entre outras superfícies comercias do Forum Coimbra e do Retail Parque Mondego, em Taveiro ou a Associação Portuguesa de Direito do Consumo, “a Deco” do professor de Direito Mário Frota.

Empresas especializadas em análise de risco financeiro não recomendam a concessão de crédito à AS, que foi alvo de mais de uma dúzia de processos judiciais onde os credores reclamam o pagamento de milhares de Euros, o que terá levado JMD a criar várias empresas para desenvolver negócios idênticos aos que celebrou com Manuel Machado, detendo sozinho ou com terceiros as sociedades F Living Services, Informacion Capital, Pragmino (que chegou a ter um lote de terreno no Parque Empresarial de Eiras), BSCG, entre outras.

Talvez por isso, numa verdadeira jogada de mestre, o albicastrense José tracinho Manuel Diogo resolveu dedicar-se a outras actividades, procurando notoriedade aquém e além mar, passando a auto intitular-se especialista em “espionagem e agências secretas”, cirando mesmo uma página na Wikipedia para publicitar o que entende, o que lhe tem permitido ser convidado para comentar temas deste género em canais de televisão, tendo recorrido a serviços de propaganda para ganhar notoriedade no Brasil, onde, tal como em Portugal, edita livros sobre estes temas, cujos conteúdos são baseados em dados abertos que podem ser consultados por todos através do Google.

O segundo sócio, Luís Miguel Viana, com ligações familiares a Alfarelos, foi jornalista. Começou a carreira no extinto Jornal de Coimbra, passando depois a colaborar com jornais e revistas (Público, Independente, Visão, DN) de Lisboa.

Com a nomeação de José Sócrates para Primeiro Ministro diz-se que foi nomeado pelo actual comentador da RTP para a direcção da agência Lusa (detida maioritariamente pelo Estado), onde ficou até ser dispensado pelo actual governo.

Por isso, durante o seu consulado na empresa grossista de informação ficou conhecido nos corredores do poder como o homem de confiança do ex-Primeiro Ministro.

José Manuel Fernandes, que foi director de Viana no jornal Público, chegou a afirmar na Comissão Parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação da Assembleia da República, que José Sócrates negociou directamente com Luís Miguel Viana a contratação de meios da Lusa para a cobertura noticiosa da campanha das Legislativas de 2009, que, recorde-se, deram a segunda vitória ao “animal feroz”, acusação que foi desmentida pelo acusado.

No Snob, bar da capital muito frequentado por jornalistas da velha escola, diz-se que LMV tem um umbigo do seu tamanho, que se mede por uns bons 180 centímetros.

O gosto comum por artigos de luxo e mordomias requintadas aproximou Luís de José, ainda o primeiro era director da Lusa, altura em que chegaram a delinear um mirabolante plano para a abertura de postos de venda de queijos, vinhos e similares nas delegações da agência espalhadas pelo mundo, negócio que nunca mereceu o aval da administração da agência.

Passaram de “amigos” a “sócios” quando Viana foi “obrigado” a sair da Lusa, altura em que se tornou gerente da Valor de Fundo, tendo a sociedade mudado a sede, da casa de Diogo, na bucólica Palheira, para a cosmopolita Torre 2 do lisboeta Amoreiras Shopping, de onde posterormentes saíram para a mais recatada Fontes Pereira de Melo, partilhando instalações e outros meios humanos e materiais com a referida Agenda Setting, empresa através da qual Luís Miguel Viana se apresenta como Managing Parter.

Chegados a este ponto, o e-eleitor que não tem paciência para ler, mas gosta de saber o que interessa, está a questionar como é que estes consultores aparecem na campanha de Manuel Machado, até porque ainda se lembra que José-Manuel Diogo, quando era simplesmente José Diogo, foi um dos que ajudou a “botar abaixo” Manuel Machado”, quando o recém-eleito líder da ANMP foi obrigado a ceder a sua cadeira na Prefeitura ao vitorioso Carlos Encarnação. E claro que ainda se recorda que o “agendas” foi mesmo premiado com a chefia de gabinete do 1º nº 2 do chamado pretérito Prefeito.

A explicação é muito simples, como diria o apeador social democrata ou talvez não, porque a conversa é como as cerejas, que este ano são de calibre acima da média.

Exemplos? Há uma camarada socialista que trabalha para José Diogo e Luís Miguel Viana que se relaciona ou relacionava com o diretor de campanha do economista de Sever de Vouga.

Com efeito, Milene Cunha, conhecida militante socialista, é accout manager no universo empresarial da dupla LMV/JMD, tendo liderado as relações da campanha de Machado com a a comunicação social. A profissional, que estagiou na F5C, a agência que assessora o autarca na ANMP, tem ou (tinha) acesso privilegiado a Rui Duarte, o deputado que assumiu a direcção da campanha de Manuel Machado e que agora lidera a concelhia rosa de Coimbra.

Claro que há mais “coincidências” onde se cruzam interesses entre o que é público e o que para já deve continuar privado, não nos parecendo necessário recordar os passeios na baixa do jornalista Soares Rebelo e do então candidato Manuel Machado, a jornalista e empregada da que é familiar de um senador do PS ou o facto de uma das profissionais contratadas para a comunicação de MM ser companheira de um director do Porto Canal que tinha sido colega de Luís Miguel Viana, na Lusa.

Em actualização

Se o e-leitor conhecer mais pormenores sobre este ou outros assuntos que possam ser notícia, envie a informação para: info@noticiasdecoimbra.pt

Garantimos o seu anonimato como fonte de informação

ANEXO  1 – A DELIBERAÇÃO MUNICIPAL SEM REFERÊNCIA AO FORNECEDOR

cmc1

cmc2

 

ANEXO 2  – O CONTRATO ENTRE A CÂMARA E A EMPRESA

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