Coimbra
Café Nicola vai ser estabelecimento de interesse histórico e cultural
O reconhecimento do “Café Nicola” como “Estabelecimento de Interesse Histórico e Cultural ou Social Local” vai ser votado na reunião do Executivo do dia 13 de maio, após terminado o período de consulta pública, promovido na sequência da deliberação de 22 de janeiro deste ano. Situado na Rua Ferreira Borges, o “Café Restaurante Nicola de Coimbra” é um dos mais emblemáticos cafés da cidade e um dos que resiste na Baixa.
No quadro da Lei 42/2017, que define como critérios de avaliação a atividade – longevidade, significado histórico e identidade – o património material – património artístico e acervo – e o património imaterial – referência local, salvaguarda do património e necessidade de divulgação, o reconhecimento de “Estabelecimento de Interesse Histórico e Cultural ou Social local” é da competência da Câmara Municipal, depois ouvida a União das Freguesias de Coimbra (neste caso), e concretiza-se após consulta pública de 20 dias.
Assim, depois de ter decorrido o período de consulta pública, relativamente à classificação do Café Nicola como “Estabelecimento de Interesse Histórico e Cultural ou Social Local”, não se registou qualquer participação. Nesse sentido, deu-se continuidade ao habitual procedimento de classificação, vindo o processo novamente a reunião do Executivo para decisão final, depois de, em janeiro de 2024, já ter sido aprovado este reconhecimento.
Segundo a informação municipal, o Nicola fez parte do desenvolvimento social e cultural no último século, disponibilizando sempre o seu espaço e serviços, sublinha-se na informação dos serviços municipais, acrescentando-se que essa abertura ainda hoje se mantém, naturalmente mais virada para eventos socioculturais – eventos gastronómicos, como a festa do Galo, “Petiscos & Rabiscos”, “Sons da Cidade”, entre muitos outros eventos.
O seu alvará data de 23 de janeiro de 1939, tendo atravessado diferentes gerações e, segundo a tese de mestrado Integrado em Arquitetura, de Ana Carolina Lopes Elias, “Os cafés como espaço de sociabilidade: O caso da baixa de Coimbra”, “era frequentado por Fernando Namora e Vergílio Ferreira, para além de outros escritores”. Este foi, também, adianta-se no mesmo estudo, “um café dos professores da Universidade, dos advogados, dos médicos e dos banqueiros, homens de influência. Até à abertura do Arcádia, albergava também os críticos do futebol”. Em 1957, Mário Silva expôs, pela primeira vez, individualmente, no salão do Nicola que, também, era acarinhado pelos estudantes.
Ana Carolina Lopes Elias recorda que, à semelhança do que sucedia na Europa no início do século passado, também em Portugal, por essa altura, assistiu-se à abertura de muitos cafés, locais de convívio social e partilha de ideias. Neste movimento, surgiram o Santa Cruz, A Brasileira e o Café Central (que ficava ao lado do Nicola), aos quais se juntaram, na década de 40, o Montanha e o Nicola e, na década de 50, o Arcádia e o Internacional (agora duas lojas de roupa).
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