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Cabo Verde recebeu até março tantos turistas como em quase todo o ano de 2021
A procura turística por Cabo Verde aumentou quase 12 vezes no primeiro trimestre, em termos homólogos, para mais de 141 mil turistas, quase tanto como todo o ano anterior, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com o relatório da Movimentação de Hóspedes no país, divulgado hoje, a hotelaria cabo-verdiana recebeu 141.665 turistas no primeiro trimestre de 2022, um aumento de 1.071% face aos 12.098 nos três primeiros meses de 2021.
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No mesmo período, as dormidas atingiram 844.440, correspondendo a um aumento de 2.908% face ao trimestre homólogo de 2021, quando somaram apenas 28.071.
O principal mercado emissor de turistas para Cabo Verde voltou a ser o Reino Unido – Portugal liderou no quarto trimestre de 2021 – com 32,7% do total das entradas de janeiro a março, seguindo-se a Alemanha, com 11,6%, Países Baixos, com 10,3%, e França, com 8%.
Os turistas da Alemanha “foram os que permaneceram mais tempo em Cabo Verde”, com uma estadia média de sete noites, e a ilha do Sal voltou a ser a mais procurada pelos turistas no arquipélago, representando 47,9% das entradas nos estabelecimentos hoteleiros de todo o país, seguida da Boa Vista, com 28,5%, e de Santiago, com 11,9%.
De janeiro a março de 2022 a taxa de ocupação foi de 48%, quando um ano antes, ainda devido aos efeitos da pandemia de covid-19, não foi além de 7%.
A procura turística por Cabo Verde voltou a cair em 2021, devido à pandemia, com a hotelaria do arquipélago a receber 169 mil hóspedes – pouco mais do que o registo de apenas o primeiro trimestre de 2022 -, menos 18,4% face a 2020, segundo dados anteriores do INE.
De acordo com o relatório da Movimentação de Hóspedes no país em 2021, a hotelaria cabo-verdiana contabilizou em todo o ano passado 169.068 hóspedes, contra os 207.125 em 2020, em ambos os casos longe do recorde de mais de 819 mil turistas em 2019.
Este número ficou abaixo da previsão do Governo, que admitia alguma recuperação da procura turística ao longo de 2021 – que só aconteceu no último trimestre – e a possibilidade de receber cerca de 300 mil turistas, recuando, mesmo assim, a números de 2005.
O principal emissor de turistas para Cabo Verde passou a ser Portugal, que em 2021 destronou o mercado britânico, com 16,8% do total das entradas, seguido da Alemanha (10,0%), Países Baixos (6,8%) e Reino Unido (6,6%).
Em 2020 registaram-se 1.150.641 dormidas – essencialmente até março face às restrições internacionais desde então impostas para conter a pandemia de covid-19 -, registo que caiu 27% em 2021, para 839.576 dormidas.
Segundo o INE, em todos os trimestres de 2021 registaram-se “acréscimos significativos nos hóspedes e nas dormidas face ao ano 2020”, exceto no primeiro, com decréscimos, respetivamente, de 93,5% e 97,4%.
A maior procura turística registou-se no quarto trimestre, com 87.751 hóspedes e 488.491 dormidas.
A ilha do Sal concentrou 45,1% do total das entradas de hóspedes, seguida das ilhas de Santiago (25,2%) e da Boa Vista (13,7%). Em relação às dormidas, o Sal registou 61,3% do total, seguindo-se Boa Vista (20,9%) e Santiago (9,6%).
O relatório do INE refere ainda que os hotéis continuaram a ser, em 2021, os estabelecimentos hoteleiros mais procurados, representando 88,9 % do total das entradas, seguindo-se as pensões (4,5%), as residenciais (3,3%) e os aparthotéis (2,0%).
Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB. Segundo dados oficiais, a economia cresceu 7% em 2021, impulsionada por alguma retoma na procura turística, mas o Governo reduziu de 4% para 6% a previsão de crescimento em 2022, devido às consequências da guerra na Ucrânia.
O país espera mais do que duplicar o número de turistas que chegam ao arquipélago em 2022, invertendo a tendência de queda nos últimos dois anos por causa da pandemia de covid-19, segundo previsões do Orçamento do Estado.
Em 2020, no primeiro ano da pandemia de covid-19, Cabo Verde teve uma queda histórica na chegada de turistas de 75%, correspondendo a menos cerca de 600 mil turistas, depois de um recorde de 819 mil chegadas em 2019.
Para 2022, o Governo espera um “forte aumento” do número de turistas, marcando o início da retoma do setor. Segundo as previsões do Orçamento do Estado, em 2022 o Governo admite mais do que duplicar o número de turistas que chegam ao arquipélago, entre 100% a 150%, em comparação com a queda do ano anterior, para entre 600 e 750 mil turistas, aproximando-se dos números de 2018.
Antes da pandemia, o Governo cabo-verdiano tinha traçado como meta chegar a um milhão de turistas em 2021, mas o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, já admitiu recentemente que vai agora levar algum tempo para atingir esse valor.
“Isso vai demorar muito tempo ainda. Se as coisas correrem bem, só em 2023/2024”, reconheceu Olavo Correia, lembrando que a pandemia levou Cabo Verde a retroceder muitos anos em relação a vários indicadores e vai precisar de mais alguns anos para ter os mesmos valores de 2019.
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