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Cabo Verde pode ser o primeiro país africano sem pobreza extrema
A coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Ana Graça, afirmou hoje que o arquipélago tem condições para ser o primeiro país africano a eliminar a pobreza extrema, que segundo o Governo afeta 115 mil pessoas.
De acordo com a responsável, o crescimento económico inclusivo, para gerar emprego e rendimento no país, com a aposta no capital humano, será uma das prioridades das agências da Organização das Nações Unidas (ONU) que operam no arquipélago no próximo programa de cooperação com Cabo Verde, que esteve a ser preparado nos últimos dois dias, na Praia.
“Falamos muito em termos da necessidade de ter um programa estruturante à volta da questão do desenvolvimento do capital humano e do capital social, para ajudar a contribuir para esse objetivo da erradicação da extrema pobreza, acreditamos que Cabo Verde tem condições para ser o primeiro país em África a conseguir esse objetivo”, afirmou Ana Graça, ao fazer o balanço deste trabalho de preparação.
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O Governo cabo-verdiano estima que Cabo Verde tem 115 mil pessoas na pobreza extrema – para uma população total de quase meio milhão – e assumiu no final de 2021 o objetivo de a erradicar em cinco anos, tendo lançado para o efeito o programa MAIS – Mobilização pela Aceleração da Inclusão Social, envolvendo organizações não-governamentais e outras entidades da sociedade civil.
O Banco Mundial – que participou nestas reuniões das agências das Nações Unidas com presença em Cabo Verde – estimou em 2020 que a pobreza extrema global deverá subir pela primeira vez em 20 anos devido aos impactos da pandemia de covid-19, levando até quase 10% da população mundial a viver com menos de 1,90 dólares por dia.
Dezenas de representantes das várias agências das Nações Unidas realizaram nos últimos dois dias um retiro para lançar o processo de planeamento do próximo quadro de cooperação com Cabo Verde, que vai desenvolver-se de 2023 a 2027, e que estará concluído em seis meses.
Segundo Ana Graça, este encontro permitiu confirmar as prioridades já identificadas, como o crescimento económico inclusivo, assente na proteção do ambiente e nas economias verde e azul, para garantir a geração de emprego nessas áreas, “aproveitando o talento da juventude”.
As agências das Nações Unidas que já trabalham em Cabo Verde apontam como prioridades para o próximo programa “reforçar o apoio à boa governação” e à modernização e digitalização da Administração Pública cabo-verdiana.
Para Ana Graça, são eixos em que as Nações Unidas podem “trazer valor acrescido” a Cabo Verde.
Além disso, o objetivo do próximo programa será trabalhar em projetos “estruturantes” para o arquipélago, para ter “mais impacto e serem mais transformadores do desenvolvimento sustentável” em Cabo Verde, e não tanto em pequenos projetos.
Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
Em 2020 registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB. O Governo cabo-verdiano admite que a economia possa ter crescido entre 6,5 e 7,5% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022.
O Governo de Cabo Verde e o Sistema das Nações Unidas assinaram em outubro de 2017 o Quadro de Cooperação para o Desenvolvimento das Nações Unidas em Cabo Verde (UNDAF), orçado em cerca de 92 milhões de dólares (81,3 milhões de euros), cuja execução termina este ano (2018 – 2022), iniciando-se agora o processo para ultimar o próximo quadro, ainda sem verbas definidas.
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