Região
Bispo de Coimbra diz que país precisa de firmar pacto de “fidelidade para com a fraternidade”
O bispo da Diocese de Coimbra disse hoje que o país precisa de firmar um pacto de “fidelidade para com a fraternidade” e defendeu que não se pode ficar refém do passado ao referir-se aos incêndios de 2017.
“Neste lugar, marcado pelos acontecimentos de 2017, quando procuramos a solidariedade com estas gentes, sentimos os fortes apelos da fraternidade universal, como porta de esperança para todos. Este país que somos, e que celebra a sua existência histórica como uma realidade feliz, precisa de firmar este pacto de fidelidade para com a fraternidade, a porta do amor e da esperança que não exclui ninguém”, afirmou Virgílio Antunes, na missa dedicada às vítimas dos incêndios, na Igreja Matriz de Figueiró dos Vinhos (Leiria).
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Na celebração religiosa, integrada no programa oficial das comemorações do Dia de Portugal, perante dezenas de fiéis e na presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, de autarcas e de outras entidades civis e militares, o prelado reconheceu que “a memória dos acontecimentos trágicos de junho de 2017 não pode apagar-se dentro de cada pessoa que viu o fogo avançar sobre os bens, sobre as casas e sobre as pessoas”.
“Os anos passam, os acontecimentos ficam cada vez mais distantes no tempo, mas o coração esse continua sempre apertado, sobretudo pela falta das pessoas (…). Embora não possamos cancelar o passado, sabemos que não podemos ficar reféns desse mesmo passado e que a vida continua”, prosseguiu o prelado.
O bispo de Coimbra referiu que, neste dia, “todos, pessoalmente e enquanto povo”, querem “ser uma presença de fraternidade, de solidariedade e de esperança uns para os outros”, mas especialmente para aqueles que “continuam a sentir as marcas dolorosas da catástrofe que se abateu sobre esta região” e sobre o país nesse ano.
Virgílio Antunes agradeceu a Marcelo Rebelo de Sousa a iniciativa de “convocar a sociedade portuguesa a voltar-se” para esta região, “procurando, assim, por meio de gestos carregados de significado humano e cristão, ajudá-las a dar mais um passo no sentido de um futuro feliz”.
“De facto, não há nada no mundo que possa justificar o desânimo, muito menos o desespero, porque mesmo nas situações limite, é sempre possível abrir portas de esperança”, realçou na homilia Virgílio Antunes, considerando que “uma pessoa, uma comunidade ou a humanidade em geral entram em falência e ruína quando desistem de viver a esperança, de construir a esperança”.
Nesse sentido, defendeu: “Precisamos de perguntar-nos se o nosso pensamento e a nossa ação promovem, efetivamente, a vida e a esperança de todos”, incluindo dos mais excluídos e dos mais pobres.
Afirmando que “as celebrações do Dia de Portugal nestas terras profundamente provadas pela história recente fazem ecoar aos ouvidos de toda a comunidade o grito de Deus, preocupado com a situação de cada um dos seus filhos e traduzido pelo livro bíblico do Génesis na pergunta ‘onde estás?’”, o bispo acrescentou que a este “tem de juntar-se” o grito de cidadãos, “com perspetivas porventura diversas e responsabilidades diferentes, mas unidos na solicitude pelo bem e pela dignidade de todos”.
A missa, onde estão presentes vítimas e familiares de vítimas dos fogos, está a ser concelebrada, entre outros, pelo Patriarca de Lisboa, Rui Valério, e os párocos de Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande e Castanheira de Pera, Geraldo Mário e Armando Duarte.
As comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, centram-se este ano em Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, concelhos fustigados pelos incêndios de junho de 2017, de que resultaram 66 mortos e 253 feridos. Estes fogos destruíram também cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.
No mesmo ano, em outubro, na região Centro, os incêndios provocaram 49 mortos e cerca de 70 feridos, registando-se ainda a destruição, total ou parcial, de cerca de 1.500 casas e mais de 500 empresas.
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