Desporto
Benfica Campeão 2013/14
O Benfica conquistou hoje o título de campeão nacional de futebol com duas jornadas por disputar, cenário que os “encarnados” não viviam desde 1993/94, sendo que precisam de recuar até 1976/77 para encontrar um cetro arrebatado mais prematuramente.
Há 37 anos, os “encarnados” asseguraram a conquista do seu 23.º campeonato à 27.ª ronda, de 30, ao golearem em casa o Beira-Mar por 4-0, com um “hat-trick” de Nené e um tento do malogrado Carlos Alhinho, a 08 de maio de 1977.
Além de Nené e Alhinho, formaram o “onze” comandado pelo inglês John Mortimore o guarda-redes Bento, também já falecido, os defesas Pietra, Eurico e Bastos Lopes, os médios Toni, Shéu e José Luís e os avançados Nelinho e Chalana.
Com três jornadas por disputar, o Benfica ficou a contar 45 pontos, mais oito do que os 37 de FC Porto e Sporting, numa altura em que as vitórias ainda só valiam dois pontos.
Depois dessa temporada, a formação da Luz nunca mais conseguiu chegar ao título tão cedo, sendo que só por três vezes, como agora, o selou com duas rondas por disputar, em 1982/83 (28.ª de 30), 1988/89 (36.ª de 38) e 1993/94 (32.ª de 34).
Na primeira época sob o comando do sueco Sven-Goran Eriksson, o conjunto da Luz assegurou o cetro à 28.ª ronda, a 22 de maio de 1983, dia em que venceu por 1-0 o Portimonense, em Portimão, graças a um golo de Carlos Manuel, aos 85 minutos.
Em 1988/89, o título foi arrebatado na Luz, à 36.ª jornada, a 07 de maio de 1989, com um triunfo por 3-0 face ao Estrela da Amadora, selado pelo angolano Vata e os centrais brasileiros Ricardo e Mozer.
Cinco anos depois, de novo com Toni ao “leme”, o 30.º campeonato foi assegurado à 32.ª ronda, a 25 de maio de 1994, com um triunfo por 3-0 face ao Gil Vicente, no 1.º de Maio, em Braga, com um “bis” de João Vieira Pinto e um tento do russo Kulkov.
De resto, todos os outros títulos conquistados pós 1976/77 foram assegurados ou na penúltima ou na última ronda, sendo que os dois últimos apenas tinham sido festejados precisamente na derradeira jornada.
Em 2004/2005, e depois de ter batido em casa o Sporting por 1-0, com um golo de Luisão, o Benfica chegou ao Bessa necessitado apenas de empatar com o Boavista e consegui-o (1-1).
A 23 de maio de 2005, um grande penalidade convertida por Simão, aos 38 minutos, lançou o “onze” do italiano Giovanni Trapattoni para o 31.º título. Pouco depois, Éder restabeleceu o empate, que o Benfica nem precisava, já que, no Dragão, o FC Porto não foi capaz de vencer a Académica (1-1).
Há quatro anos, na primeira época de Jorge Jesus, o Benfica também só selou a vitória na prova a fechar, a 09 de maio de 2010, na Luz, com uma vitória por 2-1 face ao Rio Ave, com um “bis” do paraguaio Óscar Cardozo, que, assim, foi o melhor marcador.
Como em 2004/2005, o empate bastava, mas nem tinha sido necessário, uma vez que o “vice” Sporting de Braga ficou-se por uma igualdade na casa do Nacional (1-1).
Em 1980/81 (5-1 ao Vitória de Setúbal), 83/84 (1-1 com o Sporting), 86/87 (2-1 ao Sporting) e 90/91 (2-0 ao Marítimo, nos Barreiros), os títulos chegaram à penúltima ronda.
Os centrais Luisão e Garay, esteios defensivos, os extremos Markovic e Gaitan, portadores da “nota artística”, e o “cérebro” Enzo Perez marcaram o percurso do Benfica campeão nacional de futebol 2013/2014.
Num “onze” com muito poucas oscilações, já que a rotação foi feita nas outras competições, também se relevou determinante a dupla atacante, constituída por Lima e Rodrigo, que, em conjunto, totalizaram 25 golos, fazendo “esquecer” Cardozo.
A garra de Maxi Pereira foi igualmente marcante, numa equipa base à qual Oblak, Siqueira e Fejsa foram os últimos a chegar, substituindo Artur, que se lesionou e perdeu o lugar, o “erro de casting” Bruno Cortez e Matic, vendido ao Chelsea.
Este bloco, resguardado por jogadores como Sílvio, Ruben Amorim, Sulejmani, André Almeida ou Jardel, foi capaz de ultrapassar as lesões de Salvio e Cardozo, dois jogadores que, normalmente, seriam titulares indiscutíveis e nucleares.
Do “alto” dos seus 33 anos, o central brasileiro Luisão, o único sobrevivente do título de 2004/2005, foi o grande líder da equipa, o “capitão”, a voz de comando de um setor defensivo que, a partir do meio da prova, sensivelmente, passou a ser quase inexpugnável.
Nos derradeiros 15 encontros, o Benfica apenas sofreu golos em dois, um em Barcelos (1-1), com o Gil Vicente, e dois na Madeira (4-2), com o Nacional, sendo o título hoje com mais um “zero” na sua baliza, no triunfo por 2-0 ao Olhanense, selado por Lima.
Luisão comandou as operações, mas teve a seu lado outro jogador “enorme”, o argentino Ezequiel Garay, que, num estilo prático e avesso a inventar, foi determinante a defender e coroou as subidas ao ataque com seis golos – mais só os pontas de lança.
O uruguaio Maxi Pereira, na direita, e o brasileiro Siqueira, na esquerda, completaram um quarteto defensivo muito seguro, sobretudo desde que teve o esloveno Oblak na baliza (três golos sofridos, em 16 jogos), em vez do brasileiro Artur (12, em 14).
Para a melhoria defensiva da equipa ao longo da prova contribuiu toda a equipa, sendo que mesmo os “mágicos” não deixaram de ajudar, nomeadamente o miúdo sérvio Markovic e o argentino Nicolas Gaitan, os “reis” da “nota artística” e os responsáveis pela ausência de Salvio não ter sido sentida.
Com 20 anos, feitos em março, Markovic não foi sempre constante, mas teve momentos altamente brilhantes, com destaque para os golos a Sporting, Académica e Guimarães, enquanto Gaitan, chegado em 2010/2011 para substituir Di Maria, não se ficou atrás, tendo ficado na retina os tentos a Belenenses e Arouca.
Os dois extremos foram, porém, muito mais do que estes tentos, foram os jogadores que mais brilho deram ao futebol do Benfica, com grandes jogadas e passes geniais, sem nunca perderam o sentido coletivo, a obrigatoriedade de ajudar a defender.
Entre a defesa e o ataque, um outro jogador foi “enorme”, o argentino Enzo Perez, o estratega da equipa, o jogador das transições, sempre impecável na missão de distribuir e fazer jogar. Ainda teve tempo para um “golão” ao Sporting.
Ao seu lado, o extremo que Jesus converteu em “8” teve dois sérvios, primeiro Matic, determinante até janeiro, quando foi vendido ao Chelsea, já depois de um grande golo ao Sporting de Braga, e depois Fejsa, que pegou de estaca na equipa, revelando-se uma última acertada contratação (ao Olympiacos).
No ataque, a dupla constituída pelo brasileiro Lima e pelo internacional sub-21 espanhol Rodrigo funcionou muito bem, como mostram os números, os 25 golos marcados entre ambos (14 do ex-bracarense), sendo que só passaram a ser indiscutíveis no “onze” a partir da 11.ª ronda, depois da lesão de Cardozo.
No que respeita aos suplentes, o regressado Ruben Amorim, Sílvio, em qualquer das laterais e até se lesionar com gravidade, e Sulejmani foram os mais produtivos, com Djuricic a ficar como a maior deceção, até pelo potencial que faz adivinhar.
Os “canteranos” Ivan Cavaleiro e André Almeida também tiveram algumas oportunidades, mais do que André Gomes (só um jogo a titular, no jogo da festa) e Funes Mori (28 minutos), enquanto Jardel, mesmo pouco utilizado, foi sempre uma garantia.
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