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Banco prepara financiamento de 40 milhões a Cabo Verde para aumentar produção alimentar

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 07-09-2022

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) está a preparar um financiamento de 40 milhões de euros para reforçar a produção alimentar em Cabo Verde, face à escalada de preços provocada pela guerra na Ucrânia, foi hoje anunciado.

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“Os 40 milhões de euros vão permitir a Cabo Verde entrar realmente na produção alimentar como um negócio que funciona em várias ilhas, mas também com infraestruturas para o fazer”, afirmou o presidente do BAD, Akinwumi Adesina, durante a visita à ilha cabo-verdiana do Maio, onde participou na inauguração da obra de expansão e modernização do porto local, financiada pela instituição.

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Em declarações aos jornalistas, acrescentou que o BAD “pretende apoiar fortemente o Governo de Cabo Verde na agricultura e no estabelecimento de zonas especiais de processamento agroindustrial”, para permitir ao arquipélago ter infraestruturas para processamento de alimentos agrícolas e na criação de uma rede logística de transporte e armazenamento desses produtos, desde logo para fornecer a indústria do turismo, que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

“No momento, Cabo Verde gasta cerca de 28 milhões de dólares a importar alimentos para atender a essa indústria [turismo], e isso é algo que podem fazer imediatamente. Portanto, estamos planeando um coinvestimento de 40 milhões de euros. O BAD colocará 20 milhões de euros e outros doadores e parceiros o resto”, explicou Akinwumi Adesina, sobre este pacote de financiamento.

Avançou ainda que o conselho de administração do BAD prevê aprovar este mês um apoio de emergência a Cabo Verde no valor de 10 milhões de euros, para ajuda e segurança alimentar, como forma de apoiar o arquipélago a “lidar com consequências” da escalada de preços no mercado internacional provocada pela guerra na Ucrânia.

Desde que o BAD iniciou as operações em Cabo Verde, acrescentou, já financiou 69 projetos no arquipélago, no valor global de 643 milhões de dólares, em setores que vão da energia aos transportes, passando pela saúde, agricultura, novas tecnologias e governança.

“E, claro, neste momento estamos também a falar de outras coisas no que diz respeito ao apoio aos jovens, ao empreendedorismo dos jovens. O que nos faz continuar a investir aqui é porque alguns dos projetos cá têm sido fantásticos”, enfatizou, apontando vários exemplos, como o apoio financeiro à construção e reabilitação de 385 quilómetros de estradas em todo o arquipélago ou na sua eletrificação, mas também na aquisição de vacinas contra a covid-19, que já permitiram a imunização de 84% da população cabo-verdiana.

“E isso está muito acima dos 18% para o resto de África. Parabéns”, enalteceu.

Akinwumi Adesina disse também que além da resiliência que o país tem demonstrado, a enfrentar ainda uma seca prolongada há mais de quatro anos, além de crise económica provocada pela pandemia de covid-19 e agora pela guerra na Ucrânia, a aposta deve passar pelo financiamento ao empreendedorismo jovem, perspetivando o financiamento do BAD para esse efeito.

Acrescentou que o BAD financiou nos últimos seis anos com 44 mil milhões de dólares obras em infraestruturas no continente africano, uma área “muito crítica” para um país arquipelágico como Cabo Verde e que deverá beneficiar do “corredor” a ligar Dacar a Abidjan.

“Isso vai realmente expandir significativamente as oportunidades de comércio regional para Cabo Verde”, destacou.

O primeiro-ministro, que falou aos jornalistas na companhia de Adesina, destacou o contínuo apoio do BAD ao longo dos anos e que vai conhecer um incremento com o projeto de reforço das cadeias de valor agrícola.

“É uma grande iniciativa que estamos a lançar agora, assim como um forte programa de empreendedorismo para a juventude. E estamos convergentes relativamente a estas áreas prioritárias porque se destinam a tornar o país mais resiliente e se destina depois a dar também respostas a questões do emprego”, afirmou Ulisses Correia e Silva.

O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística. Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou a previsão de crescimento de 6% para 4%.

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