Opinião

“Baixar a crista aos galifões” 

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 6 meses atrás em 01-06-2024

Porra. Gostava de ter verve para escrever catalinárias assim. Uma canção feita discurso, uma realidade diferente, ou aumentada, virtual por certo, mas também descalça.

Uns gorgolejos e um autocarro azul que por aí anda, com cerveja, música e jogos. Espero que as cervejas sejam de vários países, já os galifões, percebo, linguagem de iniciativa, liberal, de quem reclama um Portugal maior, mas não explica essa coisa.

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Letra de caserna, sem desprimor aos tropas como agora dizem os melos desta vida.

Nas eleições europeias mais perigosas de sempre, falta pedagogia, sobra demagogia e força de macho, como quem diz, vou-te às fuças, ou baixo-te a crista.

Aos mais pequeninos sempre em bicos de pés, um pica no chão, avinagrado como convém e bom carolino do Mondego. E tinto do Sicó, que fortalece.

O problema é simpres, a Direita, e a dona Úrsula que saiu dos carris, está a namorar a extrema. E podem, como vem alertando o Paulo Querido e outros analistas independentes, criar mesmo um gigante grupo parlamentar europeu.

A extrema-direita no Parlamento Europeu. “caminho difícil, mas possível e provável”.

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E que nos sobrará? Menos ambiente, menos fundos de coesão, menos Europa, do Atlântico aos Urais. Mais protecionismo, mais autoritarismo e menos decência. A senhora até foi a Israel, a correr. No caminho, perdeu valores.

Mas disto não nos falam os candidatos a apóstolos, nem do resto, da coesão e de como desbaratamos progresso em amiguismo. Camandro, são 21 mil euros mês para contratar pessoas, 350 dia para dormir, 7500 de salário e mais não sei quanto em despesas e viagens de ida e volta a casa. Se fosse só de ida, ainda popupávamos…

O que interessa é o lugar, já a origem fica na mão de autarcas com engenho, daqueles que sabem onde é Freixo de Numão, Foz Côa, Marialva, Mêda, Trancoso, Vila Franca das Naves e Guarda.

Aldeias, vilas e cidades onde não vai caravana eleitoral, mas por onde passará a circular autocarro, num serviço de transporte público regular que junta autarquias e comunidades intermunicipais.

A tal coesão, que serviria para “Baixar a crista aos galifões” e que na voz de alguns caravanistas é apenas, quando é, circunstância.

Nem coesão, fronteiras ou exército europeu constam do cardápio eleitoral. E ficamos falados.

Valham-nos os bisontes europeus, que vieram da Polónia para uma herdade em Castelo Branco. Para comer fogos.

Que do resto, estamos doentes e nem nos apercebemos. Mas temos agora um centro de saúde privado, em Lisboa, Claro, Leiria e Algarve.

Em Mogadouro que fiquem como estão. Dizem eles que a “diária do internamento” privado é menos cara que a hospitalar pública, pelo que os internamentos socais, em vez de irem para lares e centros, se marcham aos amigos sentados na mesa das prebendas. Desnatar, privatizar, ignorar o país que se encosta a Espanha.

Como o dinheiro da guerra, necessário, antes de o ser, já o era.

Com as calças de meu pai também eu sou um homem, diria meu filho, preocupado com futuro que não vê anunciado, nem quando vai beber uma jola ao autocarro azul.

Os dias são assim, arrivistas, desbobinados, fogosos em catalinária. E o resto? Bom, o resto é papo-seco sem conduto.

OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA

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