Coimbra
Ativista argentina denuncia novo caso de assédio de Boaventura de Sousa Santos
Moira Millán é uma ativista argentina e revelou que foi vítima de assédio sexual por parte de Boaventura de Sousa Santos.
“Este senhor convidou-me para jantar num lugar onde estávamos sozinhos. Começou a beber e convidou-me para ir ao seu departamento para ir buscar uns livros que me ia emprestar. E quando fomos ao departamento, ele atirou-se para cima de mim”, relata o episódio que envolve o diretor emérito do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. O caso foi denunciado por durante uma conferência que decorreu já em junho do ano passado no México.
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O vídeo que circula no YouTube pela plataforma Universa após a publicação do artigo das três investigadoras a denunciar o assédio no CES – Moira Ivana Millán conta que tudo aconteceu em 2010, quando esteve em Coimbra, a convite do sociólogo, para dar uma aula de pós-graduação.
Durante a conferência, em que apelidou o diretor emérito do CES de “machista” e “violento”. Moira Millán explica a razão de não ter denunciado logo o episódio logo: “Não tive coragem de dizer por ser uma mulher indígena mapuche, uma ativista. Não sou académica.”
Após a situação, admite ter ficado “devastada” com a situação por que passou e diz ter revelado o episódio a um argentino, que a aconselhou a não denunciar: “Não fale. Ele é a esquerda em Portugal e na Argentina ninguém vai acreditar em você, porque ele é visto como um guru do pensamento de esquerda.” Moira Ivana Millán afirma ter concordado em não divulgar.
Contudo, sempre que é referido o nome de Boaventura Sousa Santos ela “conta a verdade”, como foi o caso da conferência em que participava. “Eu devo dizer a verdade e dizer quem é quem”, sublinha durante a intervenção gravada em vídeo que acrescenta: “Ele sabe da verdade” e “não me engana”.
Moira Ivana Millán tinha relatado o mesmo episódio há 4 anos numa entrevista a uma rádio online da Argentina, na qual acusava também o sociólogo Boaventura Sousa Santos de ser “profundamente sexista” e “racista”.
Recorde-se que uma investigadora brasileira acusou Boaventura Sousa Santos de assédio sexual, facto que a levou, inclusive, a Portugal, noticiou na quinta-feira o jornal Público.
O presidente a Associação Académica de Coimbra, João Caseiro, diz que não foi rececionada qualquer denúncia de assédio sexual no gabinete que os estudantes da academia têm ao dispor há cerca de um ano.
Embora as denúncias de assédio sexual que envolvem Boaventura Sousa Santos só agora é que vieram a público, há já vários anos que o assunto é comentado pela comunidade da Faculdade de Economia. “Não é novidade. Há muito que se falava sobre alegados casos”, refere ao Correio da Manhã, uma docente da Universidade de Coimbra, que pede para não ser identificada. O primeiro sinal público surgiu no outono de 2018, com inscrições nas paredes da UC contra o sociólogo, onde se lia: “Fora Boaventura, todas sabemos.”
Daí a alusão ao 12.º capítulo da obra que aborda a “Má Conduta Sexual na Academia” – tem como título “As paredes falaram quando mais ninguém podia”. Faz referência ao que se passou em 2018, num relato sem identificar o local ou as pessoas. Nesse ano, as três investigadoras frequentavam o CES da UC, dirigido por Boaventura.
O sociólogo vai avançar com uma queixa-crime contra as investigadoras que denunciaram, num artigo, alegados casos de assédio sexual e moral no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
“No que respeita às insinuações que me são feitas, quero afirmar que confrontarei qualquer suposta vítima com serenidade e sentido de responsabilidade”, garante Boaventura, diretor emérito do CES.
O investigador Bruno Sena Martins, também envolvido na polémica do assédio sexual, considera que as denúncias “incitam ao linchamento público” e “contêm gravosas mentiras e insinuações fantasiosas”.
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