Coimbra
Associação de doentes obesos defende reativação de centros de tratamento de obesidade
A Associação de Doentes Obesos e Ex-obesos de Portugal (ADEXO) defendeu hoje ser urgente a reativação do tratamento da obesidade em hospitais que já o fizeram e a criação de equipas em zonas onde não existe este procedimento.
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“Há hospitais que já foram centros de tratamento e deixaram de ser quando o ministro Paulo Macedo orçamentou zero para o tratamento da obesidade”, como o Hospital da Guarda e o Hospital dos Covões, em Coimbra, disse o presidente da Adexo, Carlos Oliveira, que falava à Lusa a propósito do estudo da Entidade Reguladora da Saúde “Cuidados de saúde prestados no SNS na área da obesidade”.
No seu entender, “era importante que reativassem esses hospitais” e que os hospitais onde não existe este tratamento, como por exemplo no litoral alentejano, aceitassem equipas especializadas.
“Todo o Alentejo tem que ir a Évora porque há hospitais, mas não tratam a obesidade”, elucidou, adiantando que estes tratamentos estão localizados principalmente nas regiões de Lisboa, Porto e Coimbra.
Carlos Oliveira defendeu igualmente a necessidade de se criarem “programas que funcionem” para combater a obesidade, que atinge cerca de 17% da população portuguesa, percentagem em linha com a média dos países da União Europeia, verificando-se uma maior probabilidade de ocorrência nas mulheres, com mais idade, menor nível de escolaridade e de estrato socioeconómico inferior, segundo a ERS.
“As doenças associadas à obesidade – diabetes, hipertensão, das doenças respiratórias e doenças articulares – levam por ano, neste momento, na ordem dos 680 milhões de euros ao Estado”, salientou.
Todas estas patologias “são fruto de o indivíduo ter excesso de peso ou ser obeso e complicar todo o seu estado de saúde”, disse, defendendo que se a obesidade não for tratada essas doenças vão continuar “a gastar dinheiro”.
“Por isso, é importante de uma vez por todas olharem para este assunto a sério e criar realmente programas que funcionem para que os hospitais os aceitem e para que realmente diminuam estas listas e diminuam os custos que estão neste momento associados à obesidade”, defendeu.
Segundo o estudo da ERS, o tempo médio de espera para consulta de obesidade foi de oito meses em 2017, tendo o utente esperado em média 16 meses desde a indicação para consulta até à cirurgia.
O estudo verificou “uma elevada taxa de incumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos definidos na lei, quer em consultas hospitalares, quer em cirurgias de obesidade, por parte dos hospitais do SNS”, destacando que “a área da obesidade apresenta nesta matéria o pior desempenho relativo, quando comparada com outras especialidades”.
No ano passado, a Adexo alertou publicamente para “uma série de coisas que estavam mal com as listas de espera de cirurgia dos hospitais” que “não mostravam o que era real” e que o estudo vem demonstrar, disse Carlos Oliveira.
De acordo a ERS, apenas cerca de 17% dos vales cirurgia emitidos pelo Serviço Nacional de Saúde para cirurgia da obesidade fora do SNS foram utilizados, em média, pelos utentes entre 2015 e 2017.
O presidente da associação aponta como razão para esta baixa utilização o facto de haver zonas do país sem tratamento da obesidade e os doentes terem que fazer longas distâncias para o realizar.
“Uma pessoa pode receber um cheque cirurgia, mas depois tem que ir, por exemplo, de Sines para Coimbra, ou de Sines para o Porto” para fazer o tratamento, que implica várias deslocações porque têm que ir a consultas de preparação para a cirurgia, de nutrição, de psicologia.
Estas deslocações exigem dinheiro e “a maioria das pessoas – muitas delas sem emprego porque ninguém dá emprego a um obeso – não tem dinheiro para cumprir isto e não usam o cheque cirurgia”, lamentou.
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