Saúde

Associação considera que “há uma inversão de marcha” nos cuidados paliativos  

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 12-12-2019

O presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), Duarte Soares, considerou hoje que há “uma inversão de marcha” nesta área, com os cuidados a não chegarem sequer a 25 mil doentes dos 90 mil que necessitam de apoio.

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Duarte Soares comentava à agência Lusa os dados divulgados hoje no Relatório de Outono 2019”, do Observatório Português dos Cuidados Paliativos (OPCP), que revela que faltam cerca de 430 médicos, 2.141 enfermeiros, 178 psicólogos e 173 assistentes sociais na Rede Nacional de Cuidados Paliativos.

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Analisando os dados do documento, o presidente da APCP considerou que se pode “falar quase de uma inversão de marcha mais do que uma falta de evolução positiva”.

“Este é o terceiro ano de implementação da estratégia do ministério para os cuidados paliativos e o relatório traz-nos os resultados relevantes: a cobertura de serviços é muito baixa a nível nacional, não chegando sequer a 30% em termos globais”, sublinhou.

Portanto, sustentou, “das 90 mil pessoas que precisam de nós” a rede “não chega sequer a 25 mil”.

O médico observou que as dificuldades são sobretudo a nível das equipas domiciliárias, havendo 24 num objetivo previsto de 100, e de camas com a existência de 382 num objetivo previsto de 1.000.

Por outro, lado há distritos sem cobertura comunitária nomeadamente Aveiro, Braga, Vila Real, Coimbra, Leiria e Castelo Branco.

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“Relativamente aos recursos humanos percebemos que há muito poucos serviços com médicos a tempo inteiro”, sendo a cobertura global de médicos de 13%, de enfermeiros de 10%, de psicólogos de 9% e de assistentes sociais de 11%, salientou.

Duarte Soares enalteceu o trabalho do Observatório Português dos Cuidados Paliativos e a importância do relatório hoje publicado para perceber como está a ser feito o acompanhamento do desenvolvimento dos cuidados paliativos em Portugal e, sobretudo, pela “análise detalhada” que faz sobre os profissionais de saúde, nomeadamente médicos, enfermeiros psicólogos e assistentes sociais.

Para o especialista, o “dado mais surpreendente” deste relatório é demonstrar que “há uma degradação assistencial entre 2017 e 2018, com a diminuição estatisticamente significativa do tempo assistencial alocados aos cuidados paliativos sobretudo em médicos e enfermeiros”.

Ressalvando que “o esforço dos técnicos dos cuidados paliativos deve ser enaltecido”, Duarte Soares afirmou que não se trata de uma questão técnica, mas “sobretudo de falta de investimento e de responsabilidade executiva”.

“Os cuidados paliativos não têm sido assumidos como prioridade nos últimos anos, como outras áreas, como a saúde mental, os cuidados de longa duração ou as demências. São temas que tocam verdadeiramente às pessoas, aos doentes, às famílias, aos cuidadores informais”, afirmou.

O presidente da APCP defendeu ainda que, numa altura em que se discute um novo orçamento para a saúde, não se pode “abandonar os doentes nem os profissionais”.

“As nossas exigências mantêm-se de pé, com uma postura claramente dialogante e construtiva, e estamos perfeitamente convictos da nossa missão e do nosso papel para o desenvolvimento futuro” dos cuidados paliativos.

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