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Associação Académica de Coimbra lamenta declarações do Presidente do Conselho de Reitores

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 15-04-2020

 

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Após as declarações proferidas hoje pelo presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas ao jornal Observador relativamente à desnecessidade de ajustamento das propinas no Ensino Superior português, afirmando que “Neste momento, e no cenário actual, o principal factor de exclusão no ensino superior não é a propina”, a Associação Académica de Coimbra manifesta a sua profunda discórdia perante a posição manifestada.

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Recordamos que a Academia de Coimbra, nas passadas semanas, expôs a necessidade de suspensão imediata das propinas devido à quebra de rendimentos dos agregados familiares, que colocaria em causa a permanência dos estudantes no ensino superior e a capacidade das famílias para ultrapassar o aperto financeiro que a pandemia de Covid-19 criou.

De facto, segundo um estudo realizado pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa, mais de um terço dos trabalhadores viram diminuir os seus rendimentos provenientes do trabalho, sendo os mais afetados os trabalhadores que já ganhavam menos em condições normais.

A AAC Conclui que a perda de rendimentos existiu e vai ainda ser maior entre os indivíduos com menores rendimentos, adensando a diferença entre ricos e pobres, com claras implicações no acesso e permanência no ensino superior.

Se considerarmos um caso tipo de uma família em que os dois elementos auferem mensalmente o salário médio nacional de 900€ e se as entidades empregadoras recorreram ao regime de lay-off simplificado, os rendimentos da família provenientes do trabalho descem para os 1270€, uma perda de 30% do rendimento do agregado familiar, frisa a AAC.

Os estudantes salientam  que estes trabalhadores, com a quebra de rendimento, passam a receber o salário mínimo nacional, realidade esta que será generalizada a mais de 40% dos trabalhadores com quebra nos salários, segundo o estudo citado. Se considerarmos ainda um agregado familiar com dois filhos no ensino superior, o custo das propinas pago por esse agregado é de 172€, o que se traduz na absorção de aproximadamente 14% do rendimento disponível.

Esta será a realidade para inúmeras famílias portuguesas que, de um momento para o outro, veem o seu rendimento disponível reduzido a dois terços, uma situação que é indiscutivelmente agravada pelo peso das propinas, lamenta a AAC.

Para Daniel Azenha, presidente da Associação Académica de Coimbra “as declarações do Presidente do CRUP são lamentáveis e desfasadas da realidade social e económica dos estudantes do ensino superior português, sem qualquer sensibilidade para com as famílias que hoje vivem uma crise sem precedentes. Estamos num momento extraordinário e, caso não tenhamos atenção à situação económica real das famílias podemos contar com um aumento da taxa de abandono do ensino superior no futuro”.

Para o líder estudantil, “a escolha agora é entre manter a estabilidade das famílias e dos estudantes ou assistir ao crescimento repentino de abandono do ensino superior à semelhança da crise do início da década”. Daniel Azenha termina afirmando que “para a Associação Académica de Coimbra a escolha pelo primeiro cenário é bem clara, esperemos que para o Conselho de Reitores também o seja”.

 

 

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