Política
Assembleia da República aprova resoluções para classificar obra de Adriano Correia de Oliveira
Os dois projetos de resolução do PS e do PCP que defendem a classificação da obra do músico Adriano Correia de Oliveira como de interesse nacional foram hoje aprovados pelo Parlamento, em votação final global.
Os dois projetos de resolução, que não têm força de lei, recomendam ao Governo a promoção das “diligências necessárias para a classificação da obra” do criador de “Trova do vento que passa”, tendo sido aprovados com os votos favoráveis dos deputados do PSD, PS, PCP, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda, Livre e PAN. O CDS-PP absteve-se e o Chega votou contra.
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Os projetos de resolução defendem a importância de Adriano Correia de Oliveira na música portuguesa de intervenção e na canção de Coimbra, assim como o seu papel na resistência à ditadura que caiu em 25 de Abril de 1974.
A 04 de dezembro, os deputados debateram estes dois projetos de resolução e ainda uma petição lançada pelo Centro Artístico, Cultural e Desportivo Adriano Correia de Oliveira, e que reuniu mais de oito mil assinaturas em defesa do mesmo propósito.
Adriano Correia de Oliveira, que morreu em 1982 com 40 anos, deixou “uma obra vasta, sendo uma das mais bonitas, ricas e representativas da música popular feita no século XX”, lê-se no texto justificativo do centro artístico, cultural e desportivo quando lançou a petição em 2021.
Na discussão em plenário a 04 de dezembro, o deputado do PCP António Filipe disse que a classificação constitui “um passo essencial para elevar a obra ao patamar que Adriano Correia de Oliveira merece”, enquanto o deputado socialista José Maria Costa considerou que o legado do intérprete “não pode ser apagado pela passagem do tempo”.
O PSD disse que o reconhecimento pedido na petição “não é apenas uma homenagem” a Adriano Correia de Oliveira: “É uma forma de continuar a sua obra e de garantir que gerações futuras compreendam o impacto”, referiu a deputada Andreia Bernardo.
“É da mais elementar justiça que [a obra] seja preservada para as gerações futuras”, disse a deputada do Livre Isabel Mendes Lopes, enquanto Inês Sousa-Real (PAN) e Joana Mortágua (BE) lembraram “um nome incontornável da música portuguesa” e “um dos grandes trovadores da liberdade”. Carlos Guimarães Pinto justificou o apoio da Iniciativa Liberal dizendo que “uma das funções do Estado é manter o património cultural”.
O Chega questionou a necessidade de classificação de uma obra artística que considera “altamente politizada e que agrada apenas a uma parte da sociedade”, enquanto o CDS-PP remeteu para a legislação sobre património cultural, dizendo que “faz mais sentido que sejam os cidadãos a promover esse reconhecimento do que ser a AR a proclamar ao país o que é que é cultura oficial”.
Adriano Correia de Oliveira (1942-1982), resistente antifascista, que deu a voz a canções como “Cantar de emigração” e “Tejo que levas as águas”, editou dez álbuns, dois postumamente, e perto de duas dezenas de ‘singles’. O seu repertório baseia-se em autores como Manuel Alegre, Manuel da Fonseca, António Gedeão, Urbano Tavares Rodrigues, António Aleixo, Rosalia de Castro, Curros Henriquez, numa combinação em que predominam poetas galegos e portugueses.
A título póstumo, Adriano Correia de Oliveira foi condecorado comendador da Ordem da Liberdade, em 1983, e Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 1994.
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