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“Às vezes a ciência engana-se e os milagres acontecem!”. A luta de Putra após taxista se despistar em Coimbra

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 7 horas atrás em 24-01-2025

Imagem: Facebook

Rodrigo Jesus, de 21 anos, foi uma das vítimas de um dos acidentes que um taxista teve em Coimbra. O despiste ocorreu a 31 de maio, a última noite da Queima das Fitas.

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O jogador do Ançã Futebol Clube esteve em coma e agora está focado no processo de recuperação.

“Tudo corria perfeito na minha vida […] até que dia 31 de maio de 2024 tudo desmoronou. O meu irmão, sem culpa nenhuma, teve um acidente e sofreu um TCE (traumatismo crânio-encefálico), que o colocou entre a vida e a morte”, começa por explicar a irmã, Ema, numa página que criou, Step by Step, que serve não só para explicar quem é Rodrigo e como ocorreu o acidente, mas sim para partilhar histórias de dor e de processos de recuperação.

“Lembro-me do telefone a tocar naquela manhã como se fosse agora. A voz do outro lado da linha, embora familiar, trouxe consigo palavras que eu nunca imaginei ouvir: “O mano teve um acidente com os amigos, um deles está em estado grave!”. A notícia foi como um trovão, tempo parou e o meu corpo congelou. Enquanto me dirigia ao hospital, a única coisa que ecoava na minha mente era: “Isto não pode estar a acontecer… isto não é real. Não pode ser o meu irmão… ”, mas o pior estava por vir: o meu irmão estava em coma. E tudo o que eu pensava que sabia sobre a vida desmoronou”, começa por contar.

Quando chegou ao quarto onde estava o irmão, recorda-se do “som das máquinas” que “era a única coisa que quebrava o silêncio, mas não podia acalmar o turbilhão de pensamentos que invadiam a minha mente”.

As palavras dos médicos eram como “pedras: pesadas, cortantes, insuportáveis: ”O Rodrigo tem 1% de hipóteses , rezem por um milagre” ou “Esta tentativa é um descargo de consciência, não há mais nada a fazer” são algumas frases que comprovam aquilo que foram os primeiros tempos”, refere.

No começo, parecia que nada mudava. Cada visita ao hospital era um confronto com a incerteza. O olhar vazio, a falta de reação, os dias intermináveis de silêncio, recorda.

Após o acidente, conta, que a prepararam para se despedir do irmão. “Eu escrevi algumas palavras que queria dizer no seu possível funeral… Mas às vezes a ciência engana-se e os milagres acontecem! E é isso que tem vindo a acontecer com o meu irmão todos os dias, todos os progressos são milagres… Cada vez mais acredito que o amor cura e que a força do meu irmão não tem limites!”, revela.

Rodrigo, “mesmo inconsciente, conseguiu atrair uma onda de solidariedade como nunca tinha visto. […] sempre teve uma luz única, um carisma que conquistava todos à sua volta. Nestes meses de luta, vi essa luz brilhar de uma forma diferente. Vi a força de quem luta pela vida, de quem resiste mesmo quando tudo parece estar contra”, afirma.

Passaram-se meses difíceis, mas foi quando começou “a prestar atenção aos detalhes que as pequenas vitórias se começaram a destacar. O movimento de um dedo, o tremor de uma pálpebra, o simples fato de ele ouvir e reagir ao som da nossa voz… Esses pequenos gestos, que antes passariam despercebidos, agora representavam mundos inteiros”, afiança.

Ema, irmã de Putra (como é conhecido pelos amigos), criou um e-Book e uma página de partilha de dor nas redes sociais para homenagear a força e resiliência do irmão.

A página Step By Step serve como “uma plataforma de partilha, para que qualquer pessoa em “situação limite” possa partilhar a sua história e quem sabe ajudar alguém na mesma situação”, explica. Step by Step não é apenas o nome desta página, é uma “forma de encarar a vida quando ela nos desafia ao limite. É sobre encontrar força no amor, esperança no caos e gratidão nos pequenos avanços”, revela.

Representa “a luta diária que tem sido acompanhar o meu irmão nesta recuperação. Cada progresso, por mais pequeno que pareça, é uma vitória. […] Este lema lembra-me que, mesmo nos dias mais difíceis, há sempre um próximo passo para dar – um pequeno avanço que nos leva onde queremos chegar”, aponta.

Confessa que enfrentou os dias “um dia de cada vez, um momento de cada vez, um passo de cada vez”.

No livro digital, existe uma pequena apresentação sobre quem é Rodrigo Jesus, aos olhos da irmã, família, namorada e amigos. “O rapaz de sorriso fácil, o rapaz de sorriso contagiante, o rapaz de uma energia incomparável, o rapaz com um carisma que ninguém esquece, o rapaz com uma garra inigualável, o meu irmão! Amigo do amigo talvez a sua maior característica e a quantidade de pessoas que o tem acompanhado e apoiado nesta grande batalha só prova isso”, pode ler-se.

Ainda confidencia que antes do acidente, “amor era apenas mais uma palavra no meu vocabulário, usada para expressar o carinho que sentia por quem me rodeava”.

Hoje, para Ema, amor não é apenas dizer “ estou aqui para ti ”. “Amor é estar lá, mesmo quando dói. É segurar a mão de quem não pode retribuir o aperto. É ficar acordado à noite, com o coração pesado de medo, mas não desistir de acreditar. É aprender a respirar fundo e encontrar paciência, mesmo quando parece que a força já não existe. No meio de toda esta luta, percebi algo extraordinário: o amor não é um sentimento passivo, mas uma força ativa, transformadora e infinitamente poderosa . Foi o amor que nos manteve de pé nos dias mais difíceis e que deu ao meu irmão a energia para continuar a lutar, mesmo quando tudo no seu corpo parecia pronto a desistir”, afirma.

Recorde-se que um dos acidentes, com este taxista, foi o que ocorreu em maio de 2023, quando um o condutor entrou desgovernado e provocou uma colisão onde fez cinco feridos, dois em estado grave, na Avenida Elísio de Moura, em Coimbra.

O anterior aconteceu no Bairro do Ingote, em Eiras. Despistou-se a 21 de março de 2022 e abalroou um carro que estava estacionado. Do acidente resultaram cinco feridos: um deles estava sentado na esplanada de um café e foi atingido por estilhaços.

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