Ontem comemorou-se o 25 de Abril, um dia marcado pela liberdade, pelo fim do regime ditatorial, e pela democracia. De cravo na mão, um dos símbolos da resistência, várias pessoas saíram à rua para se fazerem ouvir.
Os cravos são um símbolo do 25 de abril. Na altura, devido ao frenesi que se vivia no centro de Lisboa, o restaurante Sir onde Celeste Caeiro trabalhava, e que celebrava o seu aniversário nesse dia, acabou por não abrir, tendo os trabalhadores sido enviados para casa com as flores compradas para a celebração. Celeste, que morava no Chiado, resolveu no regresso aproximar-se de um tanque e perguntar a um dos militares o que se passava. Depois de a informar que decorria uma revolução, o militar pediu a Celeste um cigarro. Ela, que não fumava, ofereceu-lhe um cravo, que colocou no cano da espingarda.
Rapidamente vários outros militares pediram um cravo a Celeste, que os ofereceu todos. O 25 de Abril, tornava-se assim, quase acidentalmente, a Revolução dos Cravos.
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Os cravos foram também um marco da Revolução Francesa. Esta flor foi usada, tal como outras flores de cor vermelha, pelos trabalhadores que combatiam o poder real, avança o National Geographic.
É provavelmente esta conotação que leva a que os bolcheviques o adoptem também após a Revolução de 1917, utilizando inclusive o mesmo como meio de identificação de alguém como membro do partido. Já nos Estados Unidos da América, o cravo vermelho tornou-se um símbolo de sorte para o vigésimo quinto presidente, William McKinley.
Também no Azerbaijão o cravo vermelho tem uma carga simbólica muito forte. Conhecido como a “flor sangrenta”, serve para recordar os mortos numa ação repressiva da União Soviética contra os movimentos independentistas, em Janeiro de 1990, sendo ainda hoje usada em funerais.
Como podemos ver cravo é bastante simbólico, mas há outros flores que têm também um significado político.
Papoila
A papoila é conhecida como um símbolo dos mortos e sobreviventes da Primeira Guerra Mundial, principalmente nos países anglófonos.
Este simbolismo deve-se às lutas na zona da Flandres, onde, na Primeira Guerra Mundial, as papoilas eram uma das poucas flores a conseguir persistir nos campos lamacentos onde decorriam os combates.
Em Portugal, a papoila foi adoptada há dez anos como imagem de marca do partido Livre.
Rosa
Como símbolo, o seu uso mais célebre é no logotipo da Internacional Socialista, uma organização que desde 1951 alberga partidos socialistas democráticos, trabalhistas e sociais-democratas de todo o mundo, como o Partido Socialista português.
A rosa foi também um marco de uma das guerras civis mais famosas da historia. Falamos da Guerra das Rosas, que opunha as casas inglesas de Lancaster e de York, que adotaram como símbolo a rosa vermelha e a rosa branca, respetivamente.
Tulipas
A tulipa é um dos símbolos associados à revolução iraniana de 1979, estando inclusive presente, de forma bastante estilizada, na bandeira do país. A flor foi escolhida por esta ser tradicionalmente associada aos mártires. Diz a tradição persa que nasceriam tulipas vermelhas do sítio onde caísse sangue de um deles.
Girassol
Das associações políticas ao girassol, a mais antiga é talvez a do movimento pelos direitos das mulheres norte-americano. Em 1896, a Associação Nacional das Mulheres Americanas pelo Sufrágio adoptaria esta flor como o seu símbolo nacional.
Mais recentemente, o girassol ganhou outras conotações políticas. Em 2014, foi adoptado como símbolo pelo movimento estudantil Sunflower de Taiwan, que visou bloquear, com sucesso, um acordo de comércio livre entre o principal partido da legislatura de Taiwan e o governo chinês.
Nos últimos anos, o girassol tem sido associado ao conflito Rússia-Ucrânia. A relação entre a Ucrânia e o girassol é já antiga uma vez que, a planta é cultivada naquele país desde o século XIX.
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