Coimbra
Artista barricada no CAE da Figueira da Foz
A autarquia da Figueira da Foz revogou o protocolo com a associação residente no Centro de Artes e Espetáculos (CAE) e hoje mudou as fechaduras do acesso às instalações até aqui utilizadas pela companhia, disse fonte camarária.
Em declarações à agência Lusa, o vereador com o pelouro da Cultura, António Tavares, disse que a autarquia deliberou, por unanimidade, na primeira reunião do executivo realizada no início do mês, revogar o protocolo com a associação ‘Corpodehoje’, que era responsável pela Escola de Artes do CAE, nomeadamente em valências de dança e na promoção de residências de criação artística.
“São situações que acontecem. Não estávamos contentes [com o trabalho de Ana Borges, presidente da associação], por isso é que decidimos revogar o protocolo, porque achamos que ela não estava a corresponder àquilo que eram as nossas expetativas”, declarou o autarca.
António Tavares frisou que existiram “muitas situações que não foram prosseguidas”, destacando o facto da autarquia ter celebrado o acordo “com uma associação composta por onze ou 12 pessoas, cujo currículo foi apresentado”, mas que, na prática, só a presidente marcava presença.
“Acabámos por constatar que a associação ‘Corpodehoje’ é a Ana Borges, nunca mais apareceu ninguém que dissesse respeito a essa associação, nem apresentou trabalho, nem veio cá. Já depois da revogação apareceu uma senhora vice-presidente, mas o que é certo é que durante dois anos não apareceu ninguém, sentimo-nos completamente defraudados”, frisou António Tavares.
O vereador adiantou que no funcionamento da Escola de Artes “havia muitas queixas por parte dos pais” e também “uma certa instabilidade no corpo docente, as pessoas não se fixavam, estavam sempre a entrar e a sair”, para além um conjunto de “dificuldades de relacionamento no quotidiano” do Centro de Artes e Espetáculos.
Hoje, a autarquia mudou as fechaduras do portão de acesso à Quinta das Olaias – anexa ao CAE e onde se situa a residência da responsável da Associação e a ala utilizada pelas residências artísticas promovidas pela associação. Ana Borges chamou a PSP e acabou por não sair da casa onde habita desde setembro de 2011.
“Fomos mudar as fechaduras dando cumprimento à deliberação da Câmara, uma vez que ela não saiu no fim do prazo que lhe tinha sido concedido. Ela chamou a polícia e continua lá, o que eu acho uma atitude de pouco bom senso, mas vamos resolver a questão”, afirmou António Tavares.
A agência Lusa tentou ouvir Ana Borges, mas os contactos resultaram infrutíferos.
No entanto, hoje, numa petição disponibilizada na Internet – onde é pedida a continuação do protocolo – a associação, Ana Borges alega que, por carta de 12 de novembro, a autarquia procedeu à resolução do acordo “de forma manifestamente ilegal e com expulsão da ‘Corpodehoje’ em cinco dias úteis”, já depois do ano letivo ter começado “e mesmo depois de o protocolo se ter renovado em 21 de setembro”.
No texto da petição, que ao início da noite de hoje contava com 65 assinaturas, é feita uma resenha de dois anos da actividade da associação e críticas à atuação da autarquia e do vereador António Tavares, responsabilizado pelo “corte” de valências como o teatro, artes plásticas e experimentação sonora, e, entre outras, pela falta de divulgação da Escola de Artes e de áreas da dança que vieram substituir as valências que acabaram.
“Existem 50 alunos inscritos atualmente, com 70 inscrições nas diversas oficinas regulares de Dança”, frisa a corpodehoje.
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