Arquitetos debatem em Coimbra um Portugal que precisa de ser curado e reconstruído

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 28-11-2017

 O debate em torno de um Portugal que precisa de ser curado e reconstruído marca na quarta e quinta-feira o ciclo de conferências “Curar e Reparar o Construído”, no âmbito do Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra.

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Luís Miguel Correia, um dos curadores da iniciativa, a par de Désirée Pedro, disse hoje à agência Lusa que a qualidade dos convidados garante que o ciclo de conferências terminará com uma reflexão alargada sobre esta necessidade de curar, reparar, mas também sobre aquilo que todos – arquitetos e população em geral – pensam sobre o território.

“E bastará pensar na quantidade de edifícios devolutos que existem em Portugal. E esta cura, esta reparação, nem sempre precisa de ser profunda. Por vezes, basta ser minimal”, disse à Lusa o arquiteto, também professor em Coimbra.

Como exemplo, Luís Miguel Correia apresentou o Convento de Santa-Clara-a-Nova, que, ao abrigo do programa Revive, poderá ser transformado num hotel.

“Será que o turismo é a única forma de alterar os edifícios e de os recuperar?”, questionou.

O arquiteto abordou ainda a alteração paisagística do território, com a destruição causada pelos incêndios.

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“São territórios que precisam de ser curados também. E recuperar esses territórios, curará também muito as mágoas das pessoas que foram vítimas dessa calamidade”, declarou.

O evento realiza-se no âmbito do Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra — organizado pelo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, em parceria com a Câmara Municipal de Coimbra e a Universidade de Coimbra.

A iniciativa realiza-se na Sala Almedina, no Convento São Francisco, e tem entrada livre.

“Este ciclo de conferências está inserido na Programação Convergente da bienal e propõe rever alguns lugares que reconhecidos arquitetos souberam, cuidadosamente, Curar e Reparar”, lê-se na nota introdutória ao ciclo.

O ciclo de conferências de arquitetura “descobre o seu argumento na inadiável necessidade de o Homem ter de Curar e Reparar a sua Terra, cada vez menos hospitaleira e, porventura, menos poética”.

“Por certo, esta velha Casa que habitamos exige a sobrevivência da sua condição histórica e simultaneamente o seu contínuo desejo de ser nova”, afirma ainda a organização.

“Não a revisitaremos, seguramente, numa perspetiva saudosista, nem nos associaremos a práticas que de forma deliberada excluam essa nossa Casa do amanhã. Iremos, antes, situar-nos no equilíbrio e na possibilidade que ainda nos resta de conciliar tais condições, vistas como antagónicas. Porque o passado vale por aquilo que representa e por aquilo que quer ser no futuro, teremos forçosamente de repensar o Construído”, acrescenta.

O espanhol Víctor Lopez Cotelo, Carrilho da Graça, que regressa ao “seu” Convento São Francisco, Eduardo Souto Moura ou Gonçalo Byrne estão entre os convidados para o ciclo.

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