Apresentada em Macau nova “Clepsidra” a pensar em especial nos leitores da China
O Instituto Cultural de Macau (ICM) apresentou hoje uma versão bilingue (português-chinês) da obra do poeta simbolista Camilo Pessanha, “Clepsidra”, pensada em especial para os leitores da China.
“Esperamos sinceramente que esta versão possa transmitir o encanto da poesia de Pessanha junto dos leitores chineses”, afirmou Wong Man Fai, chefe de divisão de Estudos e Publicações do ICM, que coedita a obra com a People’s Literature Publishing House, uma prestigiada editora da China, na cerimónia de lançamento de três livros dedicados à cultura e literatura portuguesas.
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Após uma primeira tradução publicada na China em 1997, “Clepsidra” conhece agora uma nova versão graças ao também poeta Yao Feng, pseudónimo do professor e tradutor Yao Jingming que, se tornou, no ano passado, no primeiro chinês a dirigir o departamento de Português da Universidade de Macau.
Depois de anos na gaveta, uma primeira tradução chinesa de “Clepsidra” de Yao foi lançada, no âmbito do 5.º Festival Literário de Macau – Rota das Letras –, em março de 2016, fruto de uma encomenda do Instituto Internacional de Macau (IIM), que editou a obra.
Mas, “este novo livro é especialmente para leitores da China”, disse o vice-presidente do IC, Chan Peng Fai, explicando que “os conteúdos são iguais”, e que a diferença assenta basicamente no facto de a nova versão da “Clepsidra” ser bilingue e de utilizar caracteres simplificados – em vez do chinês tradicional, utilizado em Macau.
Uma outra edição da obra, desta feita, em formato de missal, foi lançada em Macau no início de setembro, no âmbito de uma semana cultural dedicada a Camilo Pessanha para assinalar 150 anos do nascimento do poeta português, da iniciativa do diretor do jornal Hoje Macau, Carlos Morais José.
Considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, Camilo Pessanha nasceu em Coimbra, em 07 de setembro de 1867, e morreu em Macau, em 01 de março de 1926, cidade onde viveu desde 1894.
A Academia Jao Tsung-I foi ainda hoje palco do lançamento de “Contributos para o Estudo da Literatura de Macau – Trinta Autores de Língua Portuguesa”, de Mônica Simas e Graça Marques, também editada pelo IC.
Integrado na Coleção Casa da Literatura de Macau, este trabalho, o primeiro da Série de Estudos e Crítica Literária, “visa divulgar o percurso e a obra dos autores de Macau e de outros que registaram as suas impressões, narrativas, ficções ou inquietações em língua portuguesa”.
“É um livro que vale a pena ter, consultar e partir dele para outras leituras”, afirmou Maria Antónia Espadinha, a quem coube a apresentação.
Embora reconhecendo que, quando se fala em literatura de Macau em língua portuguesa, prefere dar sempre destaque “aos autores propriamente de Macau” – como Deolinda da Conceição, Henrique de Senna Fernandes, José dos Santos Ferreira (Adé) ou Luís Gonzaga Gomes -, a vice-reitora da Universidade de São José ressalvou que “todos são dignos de atenção”, falando do “bom contributo” da obra.
Hoje foi também lançada em Macau a primeira biografia de Manuel da Silva Mendes (1867-1931), que reaviva uma figura “esquecida”, apesar de ser “um dos intelectuais mais relevantes da história de Macau, na primeira metade do século XX”.
De “espírito multifacetado”, Manuel da Silva Mendes foi professor, advogado e juiz, e um “apaixonado pela civilização e cultura chinesa”, publicou vários artigos e livros, e tornou-se “um reputado sinólogo e importante colecionador de objetos de arte”, descreve o Instituto Cultural de Macau (ICM), que coedita a obra, recentemente lançada em Portugal, da autoria de João Botas.
A biografia de Silva Mendes, cuja vida se dividiu entre Portugal (onde nasceu) e Macau (onde morreu) desdobra-se em capítulos dedicados ao “homem”, ao “professor”, ao “político”, ao “advogado e juiz”, ao “sinólogo e colecionador” e ao “escritor e cronista”, reunindo ainda documentos, uma seleção de textos, uma cronologia e memórias em imagens de um homem que tem o nome gravado na toponímia de Macau.
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