Coimbra
APRe!
Um ano após ter sido criada e com várias lutas em prol dos reformados, a APRe! sente-se “quase uma formiga a incomodar um elefante”, mas tem consciência que as ameaças aos idosos tornam cada vez mais necessário o seu trabalho.
Fundada a 22 de outubro de 2012, a Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados surgiu como uma necessidade de responder às dificuldades que se aproximavam e que estavam inscritas no Orçamento do Estado para 2013, conta à agência Lusa a presidente da APRe!.
Pela primeira vez, surgia “uma taxa dirigida só aos aposentados e reformados”, lembra Maria Rosário Gama, o rosto do movimento cívico.
“Como era uma situação tão dirigida a este grupo social e não se ouvia falar muito em movimentações deste grupo, duas ou três pessoas, entre as quais eu, pensámos que se juntássemos um grupo relativamente maior, talvez pudéssemos partir para uma associação”, lembra.
Após vários contactos, através das redes sociais, e divulgação do movimento nas televisões, a primeira reunião aconteceu em Coimbra, onde eram esperadas cerca de 100 pessoas e apareceram 500 vindas de vários pontos do país.
“Essa adesão fez-nos pensar que “o movimento tinha pernas para andar”, diz Rosário Gama, antiga diretora da Escola Secundária D. Maria, em Coimbra, considerada durante vários anos a escola pública com melhores resultados nos exames nacionais
O movimento conta com mais de 5.000 associados e tem vários núcleos ativos em muitas cidades. “Aos poucos vamos crescendo e estamos satisfeitos com o que está a acontecer”.
Sobre a batalha que tem travado, comenta: “Somos quase uma formiga a incomodar um elefante, não o vencemos, mas vamos incomodando”.
“Achamos que muita da nossa persistência e da nossa luta não tem grandes consequências, mas também estamos numa altura do país em que é muito difícil ter ganhos naquilo que queremos, a conservação da tranquilidade que tínhamos quando nos reformámos”, sustenta.
Mas algumas lutas foram ganhas com o “contributo” do movimento, como a reposição dos subsídios de férias e de Natal.
“Temos andado sempre a reivindicar junto do poder político e também fazendo pressão na comunicação social contra estas medidas, porque temos consciência de que a situação junto dos reformados é gravíssima”, salienta.
Conta que há “situações tão dramáticas” que a associação quase tem de agir como assistente social: Há pessoas que tiveram de deixar os lares, outras tiveram de fazer hipotecas para poderem pagar os impostos.
Também há casos de reformados que “ficaram a governar filhos e netos desempregados” e outros que têm de optar entre alimentação e os medicamentos.
“São situações que nos descrevem a toda a hora e que nos deixam perplexos com o modo como o país rapidamente empobreceu e como isso se refletiu neste grupo de pessoas”, lamenta.
Para o próximo ano, as perspetivas não são boas: “Houve uma mudança radical na vida das pessoas, que já restringem muito do seu consumo, mas aquilo que se anuncia ainda vem agravar muito mais a situação e as pessoas estão em pânico”.
“Para assinalar o primeiro aniversário, a APRe! organiza o colóquio internacional “Os reformados na Europa”, no sábado em Lisboa.
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