O Facebook lançou hoje ferramentas para aumentar a transparência e evitar a desinformação na campanha ‘online’ para as eleições europeias, como a obrigação de os anunciantes confirmarem a sua identidade e localização e divulgarem dados como pagamentos.
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“No período que antecede as eleições para o Parlamento Europeu, de maio, estamos a fazer grandes mudanças na forma como os anúncios com conteúdo político funcionam no Facebook”, informa em comunicado o vice-presidente daquela empresa tecnológica responsável para as soluções globais, Richard Allan.
Em causa estão novas ferramentas que “protegem a integridade das eleições”, visando desde logo “impedir que a publicidade ‘online’ seja usada para interferências estrangeiras” e “aumentar a transparência em todas as formas de propaganda política”, acrescenta o responsável na nota divulgada na página na internet daquela companhia.
Uma dessas é a obrigação de “todos os anunciantes da União Europeia [UE] terem de estar autorizados no seu país para poderem publicar publicidade relacionada com as eleições”, explica Richard Allan, indicando que o objetivo é “evitar abusos”.
Para fazer esta verificação, os anunciantes têm de “submeter documentos e fazer verificações técnicas para confirmar a sua identidade e localização”, precisa.
Este tipo de publicidade também vai passar a ser sinalizada pelo Facebook e pelo Instagram (rede social detida pelo Facebook), começando a estar visível a indicação de “pago por” seguida do nome do anunciante na parte superior do anúncio.
Clicando neste local, os utilizadores poderão obter mais informações sobre o nome da empresa ou organização e os detalhes do contrato publicitário.
Richard Allan avisa que, a partir de meados de abril, o Facebook “vai começar a bloquear anúncios políticos que não estejam registados corretamente”.
Disponível desde hoje está ainda uma base de dados com anúncios de índole política (o Ad Library), na qual é possível pesquisar e obter mais informações sobre esta publicidade.
“Acreditamos que mais transparência levará a uma maior responsabilização e a mais compromissos ao longo do tempo, não apenas para o Facebook, mas também para os anunciantes, [pelo que] estamos a investir em mais recursos humanos e em melhores tecnologias para identificar previamente os abusos”, adianta Richard Allan na publicação.
O combate à desinformação e às ‘fake news’ está no topo da agenda da Comissão Europeia e também da nova presidência romena do Conselho da UE.
Foi, por isso, criado no final do ano passado um Plano de Ação Conjunto que contém medidas como a criação de um sistema de alerta rápido para sinalizar campanhas de desinformação em tempo real, que entrou em vigor na semana passada.
O plano prevê também um instrumento de autorregulação para combater a desinformação ‘online’: um código de conduta subscrito por grandes plataformas digitais, como Google, Facebook e Twitter, que se comprometeram a aplicá-lo.
As medidas hoje anunciadas pelo Facebook surgem, assim, no âmbito deste código de conduta.
As ‘fake news’, comummente conhecidas por notícias falsas, desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o ‘Brexit’ no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.
O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas europeias de maio.