Governo
António Costa rejeita subverter modelo da Lei de Bases da Saúde sobre privado e social
O primeiro-ministro, António Costa, rejeitou hoje que, devido à pandemia, se subverta “aquilo que ficou consolidado como modelo na Lei de Bases da Saúde” na relação com o privado e social, setores com os quais continuará a trabalhar.
Esta tarde, num encontro digital promovido pelo PS e no qual participou enquanto líder socialista, António Costa foi questionado sobre a carta aberta do bastonário da Ordem dos médicos e cinco anteriores bastonários na qual pedem uma “mudança imediata de rumo na estratégia” do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que envolva mais os setores privado e social.
O primeiro-ministro deixou claro que se tem “estado a trabalhar com o privado e com o setor social” em várias áreas e que isso será feito sempre que for necessário.
“Não vamos é, a propósito da circunstância que estamos a viver [pandemia de covid-19], subverter aquilo que ficou consolidado como modelo na Lei de Bases da Saúde que ainda há cerca de um ano foi aprovada na Assembleia da República com amplo consenso”, assegurou.
Para António Costa, “esse modelo é muito claro”, defendendo que é preciso que este seja respeitado.
“Nós levamos três anos, pelo menos, a ouvir falar do caos do Serviço Nacional de Saúde e depois no momento mais crítico para a saúde pública que tivemos, o Serviço Nacional de Saúde esteve à altura de todos os desafios e deu todas as respostas”, elogiou.
De acordo com o chefe do executivo, nunca houve em Portugal qualquer das situações que aconteceram noutros países do mundo nos serviços de saúde.
“Agora estão todos muito irritados com o que eu disse sobre a aplicação [StayAway Covid]. Eu gostaria de recordar que ficaram todos muito irritados quando eu disse que nada faltaria dos meios ao SNS”, afirmou.
O SNS, explicou Costa, “não respondeu a tudo não por falta de capacidade, mas em grande medida pela necessidade que houve de readaptar procedimentos e de circuitos que hoje existem”.
Esta semana, a ministra da Saúde afirmou ter lido com atenção a carta aberta dos bastonários dos médicos e concorda que este é o momento de o SNS mostrar aos portugueses que “valeu a pena” investir nele.
“Li com atenção [a carta aberta] e, sim, estou de acordo que este é o momento de o SNS mostrar aos portugueses que valeu a pena terem investido as suas escolhas, os seus impostos e o seu afeto no serviço público financiado por impostos e prestado, maioritariamente, por prestadores públicos”, disse Marta Temido na conferência de imprensa de atualização de informação sobre a pandemia em Portugal.
Na missiva, publicada na página oficial da Ordem dos Médicos, cinco ex-bastonários e o atual bastonário defendem que o reforço da resposta do SNS é urgente e que o SNS e os seus profissionais deram uma boa resposta aos doentes covid-19, mas a tutela não parece ter aprendido a lição dos meses que passaram.
Para os médicos, não há tempo a perder, sendo este o momento de o SNS liderar uma resposta global, envolvendo, de acordo com as necessidades dos doentes, os setores privado e social, que permita aumentar o acesso a todos os cuidados de saúde com uma resposta inequívoca a todos os doentes e, através de programa excecional alargado, recuperar as listas de espera e os potenciais doentes “perdidos”.
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