CHUC

António Arnaut e Rui Pato integram coro de críticas ao fim das urgências nos Covões

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 15-11-2013

 O encerramento ao fim de semana das urgências do Hospital dos Covões, em Coimbra, está a gerar críticas de várias organizações profissionais, além do antigo diretor Rui Pato e do fundador do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Arnaut.

A partir de sábado, o serviço de urgência hospitalar em Coimbra, aos fins de semana, vai funcionar apenas nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), à semelhança do que já acontece desde o ano passado no período noturno.

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“Temos uma degradação da assistência às populações e da satisfação dos que ali trabalham”, afirmou hoje à agência Lusa Luís Filipe Silva, secretário regional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Luís Filipe Silva assumiu, desta forma, a oposição do SIM ao modo como tem sido realizada a fusão dos hospitais de Coimbra numa única instituição, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Questionou também os resultados desta reestruturação ao nível da qualidade dos cuidados prestados e de uma eventual economia de meios.

O Hospital dos Covões, que integrava o Centro Hospitalar de Coimbra (CHC), caminha “previsivelmente para o encerramento definitivo”, alertou.

“Há uma falta de informação que depois se traduz em falta de motivação e receios dos profissionais em geral”, lamentou Luís Filipe Silva.

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O médico Rui Pato, atualmente reformado, que trabalhou cerca de 36 anos nos Covões, e foi durante anos presidente do CHC, considerou que o fim das urgências ao fim de semana “insere-se numa estratégia de ir progressivamente encerrando valências importantes daquele hospital, até o tornar numa instituição residual” do CHUC.

Segundo Rui Pato, “o resultado desta estratégia tem sido uma diminuição da acessibilidade aos cuidados de saúde na região”, mas também “não se estará a fazer grande poupança” com a fusão de hospitais.

Por seu turno, a presidente do conselho diretivo regional da Ordem dos Enfermeiros (OE), Isabel Oliveira, tem uma posição diferente das restantes pessoas ouvidas pela Lusa sobre o fecho da urgência dos Covões também ao fim de semana.

Isabel Oliveira considerou que “o acréscimo de afluência à urgência dos HUC não foi significativo”, desde o encerramento do serviço congénere no período noturno.

“Há uma imposição para diminuir a estrutura e a tornar mais eficiente”, afirmou, admitindo que a nova restrição na urgência do Hospital dos Covões “não é uma questão que esteja preocupar” a Ordem e salientado que esta “tem sido posta a par” das alterações em curso.

Já António Arnaut, fundador do SNS e membro do Conselho Consultivo do CHUC, criticou o que classifica como “esvaziamento progressivo” daquele estabelecimento de saúde, embora tenha recordado ter sido o último Governo do PS “quem decretou a fusão” dos hospitais de Coimbra.

“O Hospital dos Covões está a ser descaracterizado ao ponto de deixar de ser um hospital verdadeiro”, acrescentou.

Arnaut realçou que, nos últimos anos foram criadas na cidade “três unidades privadas de saúde de média dimensão”, cuja viabilidade “só será possível à custa da degradação do setor público” hospitalar.

“Há aqui uma descaracterização da essência do SNS”, corroborou Paulo Anacleto, coordenador da direção regional de Coimbra do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

Para Paulo Anacleto, o encerramento da urgência dos Covões “faz parte do ataque geral” ao SNS, que põe em causa “a qualidade e a acessibilidade dos cidadãos aos cuidados de saúde” e da sua entrega “de mão beijada aos privados e a um setor dito social, mas que afinal é privado, como são as misericórdias”.

 

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