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António Arnaut defende “governo patriótico” do PS com PCP e Bloco
O histórico socialista António Arnaut defende a realização de eleições antecipadas que permitam a formação de “um governo democrático, patriótico e de esquerda”, liderado pelo PS e integrando o PCP e o Bloco de Esquerda.
“Eu gostaria que, pela primeira vez em Portugal, se fizesse um governo de esquerda que fosse liderado pelo PS”, disse à agência Lusa o advogado e escritor António Arnaut, um dos fundadores do Partido Socialista.
Se ganhar as próximas eleições, mesmo que obtenha maioria absoluta, o PS “deve negociar com todas as forças políticas”, mas Arnaut prefere “uma plataforma de entendimento” que responda “ao imperativo de defender os valores de Abril”, o Estado Social e “os princípios fundamentais” da Constituição da República.
“O meu apelo como democrata é que seja possível, após novas eleições, o PS liderar um governo democrático, patriótico e de esquerda”, adiantou, admitindo que essa “coligação ampla” venha a incluir algumas figuras da área social-democrata.
No entanto, António Arnaut prefere um “governo de esquerda” que reúna socialistas, comunistas e bloquistas.
“Se todos estão de acordo, então é possível, em nome do interesse nacional e do povo sofredor, em nome dos milhões de pobres e desempregados, fazer um pacto” que rejeite “episódios da política ‘politiqueira'” e resolva os problemas do país.
Mesmo com maioria absoluta, “o PS está aberto a negociações”, disse, citando o secretário-geral do partido, António José Seguro.
“O PS deve negociar com todas as forças políticas à sua direita e à sua esquerda. Eu preferia um governo de uma coligação ampla, que tivesse no seu seio elementos do PCP, do Bloco de Esquerda e eventualmente também do PSD”, defendeu.
Para o fundador do Serviço Nacional de Saúde, “urge antecipar as eleições a bem do país”, tendo em conta que o atual executivo “governa contra os interesses profundos do povo português e contra a Constituição”.
O governo PSD/CDS “não é um governo legítimo”, após ter apresentado “três orçamentos inconstitucionais” e ter “aprovado várias leis” que, na sua opinião, também violam a Constituição.
“Esta situação não pode prolongar-se por mais tempo e o senhor Presidente da República tem também as suas responsabilidades e não pode comprometer-se com a própria política do Governo”, afirmou.
António Arnaut disse ainda que o PSD está a ser dirigido pela “ala mais reacionária que poderia imaginar-se” e definiu o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, como “um sujeito iletrado, imaturo e sem sensibilidade social”.
“Eu acuso o Governo de estar a trair o bem comum e de governar contra a Constituição, contra os interesses profundos do povo e da Pátria. Este governo não pode subsistir, sob pena de nos usurpar os poucos direitos que ainda restam”, preconizou.
Para o antigo ministro dos Assuntos Sociais, “há um limite para a paciência e esse limite está a esgotar-se”, o que o leva a defender a realização de eleições antecipadas, responsabilizando o Presidente da República e os partidos na procura de uma nova solução governativa.
“Se tudo falhar, o povo saberá tomar nas mãos o seu destino”, concluiu.
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