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Antiga secretária de campo de concentração nazi condenada a dois anos de prisão

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 20-12-2022

Uma antiga secretária de um campo de concentração nazi, de 97 anos de idade, foi condenada a dois anos de prisão com pena suspensa, num dos últimos casos relacionados com o Holocausto, na Alemanha. 

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Irmgard Furchner, acusada de cumplicidade na morte de mais de mais de dez mil pessoas no campo de concentração de Stutthof, atualmente em território polaco, começou a ser julgada em setembro de 2021 no Tribunal de Itzehoe, no norte da Alemanha. 

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A sentença está de acordo com o pedido do Ministério Público alemão, que tinha sublinhado o “significado histórico excecional” do julgamento de Irmgard Furchner, com uma sentença “simbólica”.

A acusada esteve presente quando foi pronunciada a sentença que escutou sentada numa cadeira de rodas. 

Durante o julgamento nunca falou, exceto numa das últimas audiências, este mês, quando lamentou os factos.

“Sinto muito o que aconteceu. Lamento ter estado em Stutthof nessa altura”, disse.

Irmgard Furchner é a primeira mulher a ser julgada da Alemanha, nas últimas décadas, por crimes cometidos pelo regime nazi, no poder na Alemanha entre 1933 e 1945.  

A ex-secretária tinha tentado escapar ao julgamento, tendo no dia do início das audiências abandonando o lar de idosos onde vive, sendo encontrada algumas horas mais tarde.

Na altura dos factos, Furchner tinha 18 anos de idade e trabalhava como datilógrafa e como secretária do comandante do campo, Paul Werner Hoppe, ocupando uma posição com “significado” no sistema desumano do complexo, disse a procuradora Maxi Wantzen durante o julgamento. 

Os advogados pediram a absolvição, argumentando que não tinha sido provado que a antiga secretária tivesse conhecimento dos assassínios em Stutthof.

Devido à idade na altura dos crimes, Irmgard Furchner foi julgada perante um tribunal especial para jovens.

Em Stutthof, um campo de concentração situado perto de Gdansk (Danzig na altura), calcula-se que 65 mil pessoas tenham sido sistematicamente assassinadas, entre prisioneiros judeus, elementos da resistência polaca e prisioneiros de guerra soviéticos.

Durante o julgamento, vários sobreviventes prestaram testemunho, acreditando, segundo o procurador, que “tinham o dever de falar, mesmo que tivessem de superar a dor para o fazer”.

Os prisioneiros viviam em condições desumanas, concebidas para os fazer morrer lentamente.

A maioria dos prisioneiros morreu de fome, sede, doenças como o tifo, e exaustão devido aos trabalhos forçados.

Para executar os prisioneiros considerados fisicamente “mais fracos”, o campo dispunha de câmaras de gás.

Segundo a procuradora, os crimes cometidos durante o nazismo não teriam sido possíveis sem o sistema burocrático do qual Furchner fazia parte, “gozando da confiança do comandante e mantendo acesso a todos os documentos considerados confidenciais”.

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) terminou há 77 anos, mas a Alemanha continua a procurar antigos criminosos nazis ainda vivos para os levar a julgamento.

Muito poucas mulheres envolvidas em crimes nazis foram processadas depois de 1945: Traudl Junge, a secretária privada de Adolf Hitler nunca foi processada e morreu em 2002.

A jurisprudência após a condenação em 2011 de John Demjanjuk, guarda do campo de concentração de Sobibor a cinco anos de prisão efetiva permite atualmente acusar de cumplicidade, por milhares de assassínios, qualquer funcionário dos complexos de extermínio: do guarda ao contabilista. 

No passado mês de junho, um antigo guarda do campo de concentração de Sachsenhausen (norte de Berlim), de 101 anos, foi condenado a cinco anos de prisão. 

 

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