Universidade

Alunos brasileiros em Coimbra são de uma classe “cada vez mais alta” 

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 25-06-2022

O presidente da Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (APEB) disse hoje que os alunos do Brasil na Universidade de Coimbra são de uma classe social “cada vez mais alta”, pelos custos cambiais e pela propina internacional.

“É claro que o público brasileiro que consegue vir estudar na Universidade de Coimbra é um público de classe média alta e cada vez mais alta com o passar do tempo, por conta diferença do câmbio e tudo o mais. Então o povo que sofreu com o colonialismo [no Brasil] não tem acesso a essa instituição aqui”, afirmou Felippe Vaz, numa entrevista à Lusa, a propósito dos 200 anos da independência do Brasil e da ligação daquele estabelecimento do ensino superior português à efeméride.

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Por isso, “o número de estudantes negros em Coimbra é mínimo”, apontou. “Então, existe ainda um caminho a ser trabalhado”, referiu aquele responsável.

Mas, “não é só aqui. Também no Brasil. Se você pega a foto dos formandos de um curso de medicina, por exemplo, vê que maioritariamente são brancos”, reforçou.

Em Coimbra, acresce aos custos cambiais o da propina internacional, a “principal reclamação” dos estudantes brasileiros, e, por consequência da associação.

Segundo Fellippe Vaz, aquela propina, que custa 7.000 euros, tem um valor muito elevado, pelo que é um problema que a associação tem vindo a discutir com a universidade, mas que ainda não está resolvido.

Segundo o presidente da APEB, a universidade tem manifestado abertura para o diálogo sobre este assunto, mas até que este se resolva, a propina “deixa o estudo cada vez mais elitista, levando um público que vem para cá não só pela sua capacidade académica, mas pelo poder financeiro”, defendeu.

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Apesar disto, considerou que na maioria dos casos as coisas correm bem com os estudantes brasileiros, embora sempre “com uma grande diferença entre o sonho e a realidade”. Uma realidade universitária que esperavam de maior proximidade com os professores, porque, no Brasil “estão habituados a ter um contacto mais próximo com o professor”.

Quanto à relação Portugal-Brasil, Felippe Vaz considerou que “é muito positiva, muito pacífica e de cooperação”.

“O acordo e cooperação de estudo entre o Brasil e Portugal é um grande exemplo disso, dessa interculturalidade entre os estudantes. E isso é muito positivo”, afirmou.

Mas num olhar sobre a história, considerou que nas relações entre os dois países é preciso analisar “situações problemáticas do passado em relação ao colonialismo ou à exploração”, defendendo que é preciso “caminhar para a frente vendo como se pode melhorar a perspetiva daqueles que passaram por isso”.

“Eu acho que isso tem acontecido em passos pequenos, mas tem acontecido, e a aproximação entre o Brasil e Portugal, nos últimos anos, tem sido um grande exemplo disso”.

“A gente vê que há essa vontade de trabalhar em conjunto, porque no fundo somos nações muito unidas historicamente. Então a gente espera que isso se promova por muitos anos para a frente”, acrescentou, referindo que as comemorações do bicentenário podem “reaproximar ainda mais” os dois países.

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