Região

Alerta para “perigo” de acumulação de areia na barra da Figueira da Foz

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 13-11-2021

O movimento cívico SOS Cabedelo voltou hoje a alertar para a insegurança da navegação junto à barra da Figueira da Foz devido à acumulação de areia, lembrando que há anos avisou “que ia morrer gente”.

Em declarações à agência Lusa, Miguel Figueira recordou que há mais de oito anos que o SOS Cabedelo vem avisando diversas entidades, entre estas o Governo e a Assembleia da República, sobre o “perigo” que constitui o assoreamento na barra do porto, nomeadamente a chamada ‘restinga’, uma espécie de península de areia submersa que se estende a partir da cabeça do molhe Norte e é cortada pelo canal de navegação portuário.

“Em maio de 2013, antes do primeiro acidente [depois do prolongamento do molhe Norte], disse que ia morrer gente. Isto são mortes anunciadas antes de alguém morrer”, frisou Miguel Figueira.

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O arquiteto e surfista, profundo conhecedor do mar naquela zona da Figueira da Foz, junto à barra e à praia do Cabedelo, lembrou os naufrágios das embarcações de pesca Jesus dos Navegantes e Olívia Ribau, em 2013 e 2015, que provocaram, no total, nove mortos, aos quais se juntou, hoje, o acidente com uma lancha de pesca lúdica, do qual resultaram mais quatro vítimas mortais.

“As informações que tenho é que foi uma onda que virou o barco. Mas o mar não está gigante, está é traiçoeiro, porque está cheio de areia lá fora. E não é um mar de tempestade, não é um mar de vento, aliás estava muito pouco vento e de leste. A onda é o reflexo da areia submersa, quebra onde há uma bancada de areia e naquele sítio não podes ter uma bancada de areia, é tão simples quanto isto”, explicou o dirigente do movimento cívico.

Miguel Figueira adiantou que embora existam dragas, periodicamente, em operações de manutenção junto à barra da Figueira da Foz, estas “só trabalham no canal de navegação” e não nas margens deste, constituídas por “montes de areia, que estão constantemente a ser alimentados pela deriva”, a circulação de sedimentos no mar, predominantemente de norte para sul.

“Andam a escavar, com uma fita métrica, o canal de navegação [do porto comercial], será que andam a trabalhar essas margens de segurança? E estes montes de areia, estas ilhas de areia, não são estáticas, movem-se tanto de norte para sul, como, em certas alturas, de sul para norte. E veem-se bem, está lá uma bancada de areia inacreditável e é onde as ondas rebentam”, argumentou.

Considerando a situação “dramática”, Miguel Figueira notou, por outro lado, que a areia acumulada na zona da barra, “ainda por cima, é areia que nem sequer chega a terra para a proteção costeira”.

“Não podem só cortar a restinga no canal de navegação, têm de a retirar toda e depositá-la na praia. Está a causar perigo de morte lá fora e a fazer falta em terra”, observou o ativista.

“É um duplo problema. Temos a areia toda no problema e precisamos dela para nos ajudar as construir as soluções, quer de segurança da navegação, quer para contrariar a erosão costeira. Não podemos ter areia à frente do canal de navegação, temos de a fazer passar [do molhe Norte, onde se acumula, para sul] por um canal alternativo, o ‘bypass’ [um sistema mecânico de transferência de sedimentos, que o SOS Cabedelo defende] e poder injetá-la junto à praia”, enfatizou

“Só que isto é um discurso que temos há mais de uma década e as coisas continuam por concretizar”, lamentou Miguel Figueira.

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