Coimbra

Alegadas questões ambientais ditam o fim do projeto Lusiaves em Mira

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 10-01-2019

Mira já não vai acolher o investimento de cem milhões de euros do grupo Lusiaves, devido ao “chumbo” do Estudo de Impacte Ambiental deste projeto pecuário.

 

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Avelino Gaspar, líder da Lusiaves

Um estudo do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), que levantava dúvidas de natureza ambiental, levou a Comissão de Avaliação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro a dar um parecer desfavorável ao projeto.

A CCDRC propôs que o projeto fosse reformulado, e a autarquia e a empresa chegaram a discutir essa possibilidade, mas concluíram que não estavam reunidas as condições para avançar com o investimento, referiu o presidente deste município do distrito de Coimbra, Raul Almeida.

Durante o processo de Avaliação de Impacte Ambiental, o LNEG classificou uma grande parte do terreno destinado ao investimento (cerca de 120 hectares, numa área total de 200 hectares) como “área dunar conservada”.

Essa classificação não permite “a implantação de elementos construtivos” e impede “o pisoteio, circulação de veículos todo-o-terreno etc.” na área referida, para preservação da morfologia dunar.

O chumbo ambiental vem dar razão a forças partidárias, movimento de cidadãos e ecologistas que desde a primeira hora contestaram a validade do investimento, previsto para uma zona delicada do ponto de vista ambiental.

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Raul Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Mira

“Dissemos desde a primeira hora que o investimento só iria em frente se estivessem salvaguardadas todas as questões ambientais. O projeto estaria totalmente dependente de os pareceres a emitir em sede de Avaliação de Impacto Ambiental e o licenciamento serem todos favoráveis, o que não aconteceu”, referiu o social-democrata Raul Almeida.

O chamado projeto Lusiaves foi apresentado como um investimento a rondar os cem milhões de euros que passava pela construção de um “mega-aviário” da empresa em terrenos situados na freguesia do Seixo, num local onde em tempos se ergueram as famosas estufas do empresário francês Thierry Roussel (marido da multimilionária Christina Onassis).

Uma fábrica de alimentos compostos e um laboratório, que seriam construídos noutra zona do concelho, integravam ainda o empreendimento, que prometia criar 350 postos de trabalho.

Os 200 hectares de terrenos situados na zona dos Foros, a caminho da praia do Poço da Cruz, foram desafetados no final de 2017 pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

O processo de licenciamento da exploração agropecuária estava condicionado pelos limites da Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Reserva Agrícola Nacional (RAN), além dos necessários estudos de impacte ambiental “numa zona dunar e dentro de uma mata de pinhal de elevado valor ambiental”.

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