Advogados

Advogados protestam contra falta de acesso aos processos da AIMA

Notícias de Coimbra com Lusa | 6 dias atrás em 04-04-2025

Um grupo de advogados que trabalham com imigrantes concentrou-se hoje junto da sede da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) para contestar as dificuldades no acesso destes profissionais, acusando a instituição de violar as normas administrativas.

Em declarações aos jornalistas, a advogada Elaine Linhares explicou que este protesto pretende acabar com a “limitação ao exercício profissional da advocacia” junto da AIMA.

PUBLICIDADE

publicidade

Todos os dias, há senhas limitadas em cada loja para os advogados, que não conseguem tratar de simples procedimentos administrativos, afirmou a advogada brasileira, que trabalha em Portugal há seis anos.

PUBLICIDADE

Na loja de Lisboa, onde decorreu o protesto que juntou uma dezena de advogados, há apenas dez senhas por dia para advogados e isso obriga a que muitos tenham de se deslocar de madrugada para conseguirem ser recebidos, já que as vagas ficam ocupadas muito antes da abertura das portas, às 09:00.

“O que é que vamos dizer aos nossos constituintes, se nós não temos acesso à loja, que está aberta e temos essa limitação?”, questionou a advogada.

O grupo de advogados pediu para ser ouvido pela direção da AIMA, mas até ao momento não obteve resposta.

“Ontem tivemos uma colega que veio do Algarve, veio de madrugada, às 4:00, e ela ainda disse que não tinha a certeza de que ia ter a sorte de estar entre os dez” primeiros, explicou Elaine Linhares, considerando que a falta de acesso constitui uma “limitação ao trabalho dos advogados que trabalham com os imigrantes”.

Os outros meios de contacto não dão qualquer resposta: “O e-mail é apagado, o “call center” não atende, por carta não é respondido. Então o único meio de comunicação [possível] é o nosso comparecimento aqui, pessoalmente”.

Nos últimos meses, as ações judiciais para exigir o cumprimento dos pedidos administrativos tem aumentado por causa da falta de resposta, mas mesmo que o recurso aos tribunais aumente, continuam a ser necessários atos administrativos, como consultar um processo.

“Nós não temos acesso a nada”, desabafou a advogada.

“Essa inércia provoca uma limitação para os imigrantes”, que “não têm documentos, não têm garantias para nada, porque, sem documentos, a pessoa é invisível, um indocumentado que não pode sair de Portugal, não pode ter acesso à saúde, não pode nada”, acusou Elaine Linhares.

Sem documentos, um cidadão é “inexistente, mas continua a pagar os impostos e a trabalhar”, acrescentou, salientando que o Estado recebe o dinheiro dos documentos, mas depois não dá resposta.

Outra das dirigentes deste movimento, Patrícia Viana, acusa a AIMA de não dar resposta às queixas dos advogados, que já existem há muito tempo.

De acordo com o direito administrativo, “temos direito a prioridade de entrada de consulta dos processos, porque nós estamos aqui a efetuar uma defesa dos direitos constitucionais dos nossos clientes, mas a gente simplesmente chega aqui, não tem direito à consulta”, afirmou a advogada.

Além disso, “não temos sequer um livro das reclamações”, como é regra na administração pública.

“Eu tentei efetuar uma reclamação, mas deram-me uma folha em branco”, exemplificou Patrícia Viana.

A agência Lusa tentou obter um comentário sobre este protesto e sobre as queixas junto da direção da AIMA, mas até ao momento não obteve resposta.

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE