A greve dos funcionários judiciais fechou hoje tribunais em todo o país, com uma adesão global que ronda os 95%, e obrigou a serviços mínimos em tribunais como o do Barreiro, onde será ouvido Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting.
“Não andarei longe se disser que a greve anda na casa dos 90% a 95%, mas a maioria dos tribunais tem apenas os serviços mínimos e muitos outros estão completamente encerrados”, disse à Lusa o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ), Fernando Jorge.
O responsável disse ainda que o sindicato está a ter algumas dificuldades em confirmar os números “porque nos tribunais ninguém atende os telefones” e que, por isso, prefere não avançar com os 100% de adesão sem ter a certeza.
“O facto de não nos atenderem os telefones, e desde as 09:00 que tentamos várias vezes, é indicativo de que não está lá ninguém. Mas há algumas informações já concretas de Famalicão, Barcelos, Viana do Castelo, Gaia, Seixal, Almada, Lourinhã (…) e Barreiro, onde estão apenas a ser cumpridos os serviços mínimos”, afirmou.
Fernando Jorge aponta ainda os tribunais de Évora, Serpa, Ferreira do Alentejo e Mértola, sublinhando: “um pouco por todo o país a adesão é total, o que aliás era esperado pela reação que as pessoas têm tido ao que tem sido a greve parcial das duas horas”.
Segundo o responsável, no Palácio da Justiça de Lisboa a adesão é de 95%, com “oito ou nove pessoas a trabalhar, num edifício onde trabalham quase 200”.
O presidente do SFJ reconheceu ainda que a vigília agendada para hoje à tarde junto ao parlamento, “não terá a expressão da manifestação no Terreiro do Paço, no dia 11 de outubro”, porque o sindicato não disponibilizou o transporte.
De qualquer forma – acrescentou – “esperamos ter muita gente [na vigília], nomeadamente dos tribunais da Grande Lisboa e também de outros locais. Por exemplo, houve um grupo de funcionários de Vila Nova de Famalicão e de Barcelos que combinaram entre eles e vêm todos a caminho de Lisboa para participar”.
Em causa nesta greve, que começou às 00:00 de hoje, estão reivindicações relacionadas com a revisão da carreira, aprovação de um estatuto digno, promoções congeladas, falta de funcionários, vencimentos congelados há mais de 10 anos, falta de formação e trabalho muito além do horário sem compensação, entre outras.
A greve nacional, convocada pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ), abrange todas as comarcas e todos os oficiais de justiça, inclusivamente os que se encontram a desempenhar funções em comissão de serviço no Ministério da Justiça, Direção-geral da Administração da Justiça (DGAJ), Instituto de Gestão Financeira e das Infraestruturas da Justiça (IGFEJ), Conselho de Oficiais de Justiça, Conselho Superior da Magistratura (CSM), Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), Procuradoria-geral da República (PGR) e outros organismos do Estado.
Os funcionários judiciais cumpriram já uma série de greves parciais que têm vindo a perturbar o normal funcionamento dos tribunais, incluindo julgamentos e inquirição de arguidos.