Crimes
Acusado de burlas em “esquema de pirâmide” diz que não queria enriquecer sozinho
Um homem de 29 anos suspeito de burlas num “esquema de pirâmide” confessou hoje no Tribunal de Aveiro ter convencido várias pessoas a investir num negócio, que acreditava que “ia dar muito dinheiro”, porque “não queria enriquecer sozinho”.
Durante a primeira sessão do julgamento, o arguido, à data dos factos estudante na Universidade de Aveiro, assumiu ter convidado cerca de “uma dúzia” de amigos, familiares e colegas para entrar num negócio supostamente ligado ao setor do ouro, mas negou qualquer envolvimento no mesmo.
“Não andava a angariar pessoas. Era um investidor como os outros”, disse o arguido, que está acusado de 37 crimes de burla qualificada, juntamente com um consultor financeiro de 51 anos, que decidiu remeter-se ao silêncio.
O antigo estudante universitário admitiu ainda ter recebido dinheiro de outros investidores, mas disse ter transferido todos os montantes para a conta do outro arguido, alegado mentor do esquema, que via como “uma pessoa idónea”.
Perante o coletivo de juízes, o arguido começou por contar que se deslocou a Lisboa para assistir a uma apresentação do negócio e ficou “deslumbrado”.
“Achei que ia ficar milionário”, afirmou, adiantando que o dinheiro dado pelos investidores seria “multiplicado duas, três ou quatro vezes”, apesar de não saber explicar como é que isso acontecia.
“Dávamos o dinheiro num lado e ele aparecia do outro lado. Como é que o dinheiro se ia multiplicar foi uma coisa que não me preocupava”, afirmou.
Atualmente, reconhece que foi “parvo”, porque “estava a pôr os ovos todos num cesto que não tinha um aspeto assim tão bom”.
“Eu não sabia o que estava a fazer. Era um investimento arriscado porque não sabia como é que o dinheiro se multiplicava”, referiu.
Os factos ocorreram entre finais de 2013 e agosto de 2014.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), os dois arguidos burlaram cerca de 40 pessoas, apropriando-se de quase 20 mil euros, através de um esquema vulgarmente designado por “esquema de pirâmide”.
De acordo com a investigação, os dois arguidos angariavam clientes, convencendo-os a fazer um investimento numa empresa em montantes geralmente compreendidos entre os 300 euros e os 1.000 euros.
Em poucos meses, cada um desses investidores receberia essa quantia acrescida de um montante cerca de cinco ou seis vezes superior ao investido, mas nunca chegaram a ter qualquer retorno, perdendo todo o dinheiro investido.
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