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Acusada de deixar filha morrer à fome admite ser “uma mãe monstruosa”

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 horas atrás em 23-01-2025

Imagem: DR

 A luso-francesa Sandrine Pissara, acusada de torturar e deixar a filha, Amandine de 13 anos, morrer à fome em 2020, admitiu hoje ser “uma mãe monstruosa”, perante o Tribunal de Hérault, em Montpellier.

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“Sou uma mãe monstruosa”, disse Sandrine Pissarra, de 54 anos, acrescentando que agrediu Amandine “porque ela era parecida com o pai”, quando interrogada pelo juiz do tribunal do sul da França, onde já foi descrita como uma mulher violenta, manipuladora e mentirosa.

A luso-francesa, que teve oito filhos, tendo outro deles falecido ainda bebé no berço, afirmou que castigava Amandine “por tudo”, isolando-a numa arrecadação e privando-a de comida e bebida, o que a fez chegar aos 28 quilogramas com 1,55 metros.

“Fiz vista grossa ao estado dela”, respondeu Sandrine Pissara ao juiz quando questionada sobre os factos, afirmando que não sabe o que aconteceu nem como a agrediu e lhe partiu um dente, mas que “nunca quis que ela morresse”.

A luso-francesa admitiu ainda que estava “errada”, mas disse que não podia “explicar porque é que tinha chegado a este ponto”, justificando os seus atos com os seus “próprios traumas de quando era criança”, por ter sido também vítima de violência e de subnutrição.

“Éramos três e a minha mãe queixava-se de que não tinha dinheiro suficiente. Eu era espancada. Bofetadas, murros, humilhações. Tinha vergonha de falar sobre isso”, afirmou.

Nos últimos anos, Sandrine Pissara negou que a filha tivesse sido vítima de maus tratos, mas agora admitiu a violência “entre 2014 e 2020” e “os atos de tortura e de barbárie cometidos entre 17 de março e agosto”.

O médico legista que efetuou a autópsia a Amandine disse na quarta-feira que a adolescente tinha estado subnutrida “durante três ou quatro meses” antes da sua morte, tendo morrido por “desnutrição imposta por terceiros”.

Amandine faleceu em agosto de 2020 durante o confinamento da covid-19, após o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciar o encerramento das escolas. Antes do confinamento, a adolescente disse a um supervisor da sua escola, que testemunhou em tribunal, que não ia aguentar e iria morrer.

Quando o tribunal mostrou fotografias das câmaras de vigilância do companheiro da altura de Sandrine Pissarra, que mostravam Amandine nua e a ser castigada numa arrecadação, Jean-Michel C. admitiu o tratamento “desumano” imposto à adolescente por esta, com castigos cada vez mais cruéis.

“Daria a minha vida pela vida de Amandine, para que ela ainda estivesse viva”, afirmou.

O veredito está previsto para esta sexta-feira. Sandrine Pissara incorre numa pena de prisão perpétua, enquanto Jean-Michel C. numa pena de 30 anos, por ter assistido à violência e à privação de alimentos da adolescente durante quatro anos, sem agir.

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