Portugal

Acidentes com motas dispararam. Superam as 100 mortes por ano

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 anos atrás em 23-05-2023

Os acidentes com motociclos aumentaram face aos sinistros registados na pré-pandemia.

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A PSP e a GNR revelam que, em 2022, registaram-se 10.194 acidentes com motas, dos quais resultaram 104 mortos. Os dados são assustadores quanto aos números de 2019: Houve mais 441 acidentes, mais oito mortos, mais 20 feridos graves e mais 629 ligeiros, segundo dados recolhidos pelo Jornal de Notícias (JN).

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Os especialistas apontam falhas nas aulas de condução e pedem mais fiscalização onde o excesso de velocidade é o “grande fator de risco”.

Nas últimas semanas, verificaram-se vários acidentes fatais. O mais recente foi no domingo, dia 21 de maio, quando um homem de 48 anos residente na Trofa morreu na sequência do embate entre a mota que conduzia e um carro na Maia.

Um antigo militar da GNR criou em 2019 a Academia de Condução Moto (ACM) com o objetivo de “preencher lacunas na formação dos motociclistas” e “reduzir a sinistralidade” das motas para zero. O homem explica que os cursos são sobretudo frequentados por pessoas a partir dos 40 anos, que compraram motas de “grande potência”, mas não as sabem usar. O JN noticiou que, a venda de motociclos em 2022 ultrapassou o recorde de 2021: cerca de 100 motas vendidas por dia. “Há 700 pessoas em lista de espera” para a formação, diz o militar. 

Alain Areal, diretor-geral da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), aponta para os exercícios “imprescindíveis” que “não são ensinados” nas escolas de condução, como saber “travar e curvar”. Os representantes daqueles estabelecimentos relembram que a lei permite conduzir motas até 125 cc sem fazer qualquer exame ou formação, pode ler-se na notícia do JN.

O responsável da PRP defende que a fiscalização dos motociclistas seja reforçada, até devido à infração recorrente do não uso do capacete. A GNR contabiliza 3780 autos de contraordenação a motociclos em 2022 (menos 21,3% do que em 2019). “As infrações mais comuns são a falta de utilização ou utilização incorreta de capacete, as relacionadas com componentes e acessórios, com chapas de matrícula e as relativas a estacionamento”, descreve.

Para João Dias, professor no Instituto Superior Técnico, o excesso de velocidade é “um grande fator de risco”. Acredita que será necessário um regime penalizador para as motas desportivas, como seguros mais caros, porque são veículos mais potentes, o que poderá aumentar o risco .

Alain Areal diz que o “boom” na aquisição de motociclos “deve-se a darem maior mobilidade, acesso a estacionamento gratuito e serem usados pelos estafetas de plataformas, como a Uber e a Glovo. A PRP vai avançar, em breve, com um estudo sobre o ‘impacto do comércio eletrónico sobre a venda de motas'”, explicou ao jornal.”Há um crescimento da utilização a nível profissional, o que gera um cocktail perigoso”, conclui.

Recorde-se que os detentores da carta de categoria B (automóveis ligeiros) podem, a partir dos 25 anos, conduzir motociclos até 125 centímetros cúbicos (A1) sem fazer qualquer exame ou formação específica.

Para as categorias A, A1 e A2, a prova prática é composta por duas partes: as manobras especiais e a circulação em condições normais de trânsito em vias urbanas e não urbana. As manobras especiais são agrupadas em séries, em blocos de três.

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