Economia

Aberta caça ao ovo (e não é o da Páscoa)

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 dia atrás em 31-03-2025

Imagem: depositphotos.com

O custo dos ovos tem vindo a aumentar de forma significativa nos últimos três anos, registando uma subida de quase 80% desde 2022.

Nos primeiros meses de 2025, o preço escalou mais 27% e a tendência é de contínua subida, impulsionada pela elevada procura. A crise agravou-se com a gripe das aves nos Estados Unidos, que levou ao abate de milhões de galinhas e reduziu a oferta no mercado norte-americano, forçando os EUA a procurarem fornecedores na Europa e pressionando os preços a nível global.

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Manuel Sobreiro, administrador da Companhia Avícola do Centro, explicou ao Correio da Manhã que “a forte procura levou os produtores a ajustarem os preços para garantir que os ovos permanecem no mercado nacional e que os supermercados mantêm o abastecimento”. Segundo dados da DECO PROteste, o preço de meia dúzia de ovos subiu de 1,61 euros para 2,05 euros entre 1 de janeiro e 26 de março, uma subida de 27%.

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A aproximação da Páscoa reforça a preocupação sobre possíveis faltas de produto. No entanto, Manuel Sobreiro garantiu que não haverá escassez. “Os supermercados podem ter prateleiras menos preenchidas, mas ovos não vão faltar”, assegurou.

Portugal é um dos mercados europeus cobiçados pelos EUA para abastecimento de ovos. No entanto, o administrador da Companhia Avícola do Centro revelou que rejeitou propostas de exportação. “Fomos contactados pela embaixada americana, mas o nosso compromisso prioritário é com o mercado nacional e ibérico”, afirmou.

Os ovos estão entre os produtos alimentares que mais aumentaram de preço este ano, sendo superados apenas por itens como dourada, carne de novilho, peixe-espada, peru, bacalhau, cereais e café torrado.

O presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier, assegura que os retalhistas se anteciparam à elevada procura mundial para evitar ruturas de stock. “Os preços estão a subir, mas não por responsabilidade dos retalhistas. A escassez global deve-se à gripe das aves e ao aumento do consumo, uma vez que carne e peixe estão cada vez mais caros”, explicou.

Ex-funcionários da Lusiaves denunciaram à RTP práticas de maus-tratos na empresa de produção de frangos, incluindo a morte de aves à paulada e o abandono de pintos vivos em sacos plásticos dentro de arcas frigoríficas. A empresa, que perdeu o certificado Welfair, refuta as acusações e alega cumprir todas as normas de bem-estar animal. A Lusiaves garantiu ainda que os funcionários envolvidos nestas práticas serão alvo de processos disciplinares, enquanto ex-trabalhadores insistem que estas práticas são comuns.

A organização Frente Animal reforça a necessidade de medidas que garantam o bem-estar animal nos aviários portugueses.

Com a escassez de ovos e o aumento dos preços nos EUA, muitos consumidores procuram alternativas. Uma das soluções em ascensão é o aluguer de galinhas para produção própria de ovos. Empresas como a Rent the Chicken registaram um aumento expressivo de clientes interessados em manter aves em casa para garantir um abastecimento constante de ovos frescos.

A gripe das aves é uma doença altamente contagiosa provocada pelo vírus H5N1, que pode levar à morte em massa de aves. Para evitar a propagação do vírus, as explorações avícolas recorrem frequentemente ao abate preventivo dos animais, o que tem impactos sérios na produção global de ovos e carne de frango.

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