Coimbra

Abaixo-assinado contra projeto da Lusiaves em Mira com mais de 400 assinaturas

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 17-09-2018

Um abaixo-assinado contra a instalação da exploração agropecuária da Lusiaves em Mira, que apresenta o projeto como um perigo para a saúde pública, foi assinado até hoje de manhã por 424 pessoas, confirmou hoje a Lusa.

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O abaixo-assinado foi lançado no início de setembro por um “grupo de cidadãos portugueses, residentes, proprietários e visitantes do concelho de Mira e concelhos limítrofes, dos distritos de Coimbra e Aveiro”, e está disponível ‘online.

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“Defendemos os princípios de defesa da qualidade ambiental e consideramos que a instalação de unidades empresariais avícolas e agropecuárias prejudicam seriamente o meio ambiente que deste modo colocam em causa a qualidade de vida no concelho e a saúde pública dos cidadãos, quer dos residentes quer dos turistas sazonais”, resumem os autores do documento, que estará disponível para subscrição até ao final deste mês.

Este grupo de “Cidadãos Contra a Instalação da Lusiaves” pede à Câmara Municipal de Mira, no distrito de Coimbra, que desista do processo de licenciamento do projeto agropecuário ou que, em alternativa, promova a realização de um referendo municipal sobre esta matéria.

“Consideramos ainda que esta área empresarial é incompatível com a realidade das nossas terras, o que afeta imenso o desenvolvimento da nossa localidade nas mais diversas áreas”, argumentam.

Mauro Seiça, um dos promotores do abaixo-assinado, morador na Praia de Mira, expressou à Lusa a sua preocupação com as consequências ambientais e de saúde pública do projeto, lembrando a existência na área de Foros de diversos cursos de água com ligação à Lagoa e à Barrinha de Mira.

O chamado “projeto Lusiaves” tem sido apresentado como investimento de mais de uma dezena de milhões de euros que passa pela construção de um “mega-aviário” da empresa Lusiaves em terrenos situados na freguesia do Seixo, num local onde em tempos se ergueram as famosas estufas do empresário francês Thierry Roussel (marido da multimilionária Christina Onassis).

Os 200 hectares de terrenos situados na zona dos Foros, a caminho da praia do Poço da Cruz, foram desafetados no final de 2017 pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. O processo de licenciamento da exploração agropecuária, que promete criar mais de 300 postos de trabalho, está condicionado pelos limites da Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Reserva Agrícola Nacional (RAN), além dos necessários estudos de impacto ambiental numa zona de areias e mata.

O PS de Mira também já rejeitou a instalação da exploração agropecuária no norte do concelho, dizendo que representa uma ameaça para a saúde pública, e exigiu a realização de um referendo municipal sobre esta matéria.

“Para nós, a estratégia de desenvolvimento sustentável do nosso concelho assenta na qualidade ambiental e numa aposta mais séria e efetiva no turismo. Não somos contra o investimento empresarial, bem pelo contrário, no entanto existem áreas empresariais que são totalmente incompatíveis com o que pretendemos para o nosso território e esta é, claramente, uma delas”, diz a estrutura local do Partido Socialista.

As principais objeções dos socialistas têm a ver com a possível contaminação dos cursos de água na zona de Foros, atravessada por diversas valas com ligação à Lagoa de Mira e à Barrinha. Por outro lado, invocam estudos que apontam para o crescimento súbito de doenças, sobretudo respiratórias, em áreas onde existem explorações agropecuárias do mesmo género.

“A instalação desta estrutura, numa zona tão sensível, não afetará apenas o nosso (já tão degradado) sistema hídrico, mas terá um grande impacto na saúde pública. Todas as atividades turísticas, desportivas e lúdicas serão ameaçadas. A manutenção da Bandeira Azul poderá ser posta em causa”, argumentam os socialistas.

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