Coimbra

A via-sacra de José Manuel Silva para devolver Coimbra ao “lugar que ela merece”

Rui Avelar | 3 anos atrás em 02-10-2021

O novo presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, aspirando “a recolocar” o Município “no lugar que merece”, associa à herança proveniente de Manuel Machado “falta de rasgo” e inexistência de estratégia de desenvolvimento.

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Ex-bastonário da Ordem dos Médicos, Silva ascendeu a principal autarca conimbricense proposto por uma coligação de sete partidos (em que avultam o PSD e o CDS), sendo que, há quatro anos, tinha sido eleito vereador sob o patrocínio do movimento (independente) “Somos Coimbra”.

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O esquecimento a que tem sido votado o rio Mondego e o alegado desaproveitamento de “um extraordinário capital humano”, fruto da qualidade do ensino ministrado na cidade, são duas das debilidades do concelho diagnosticadas pelo médico.

Rapidez e pragmatismo das respostas camarárias às propostas de investimento são aspectos com que acena o futuro prefeito.

Neste contexto, José Manuel Silva elencou “112 acções para Coimbra”, entre as quais figuram “a consolidação e o reforço dos dois grandes ‘clusters’ (…) actualmente existentes” no concelho: saúde e software.

Promover o desenvolvimento de outros ‘clusters’ com potencial – como o da indústria alimentar, o da cultura (indústria criativa) e o do turismo – é outro dos propósitos da futura maioria camarária.

Mais Metro

José Manuel não descarta, “dentro do que ainda se revelar possível”, a revisão do projecto do Sistema de Mobilidade do Mondego, infra-estrutura substituta do Ramal ferroviário da Lousã e com penetração na malha urbana de Coimbra. A ambição consiste em levar o Metrobus ao Polo I da Universidade e em planear a sua expansão a outras zonas.

Em articulação com o Ministério da Justiça, o futuro prefeito preconiza a transferência do Estabelecimento Prisional de Coimbra para a periferia da cidade e o lançamento de um concurso de ideias para definição do aproveitamento do espaço ocupado, hoje em dia, pela Penitenciária.

Triplicar o orçamento global das juntas das freguesias, conferindo-lhes mais atribuições e competências, matéria que foi uma das bandeiras da CDU, é outra das metas de “Juntos Somos Coimbra”.

A poucos anos de se saber quem vai ser, em 2027, Capital Europeia da Cultura, Silva propõe-se “trabalhar intensamente” para que seja a urbe mondeguina o palco do evento.

Neste contexto, acena com um “programa de valorização e promoção regional, nacional e internacional do Fado (Canção) de Coimbra”.

Há, de resto, quem vaticine que a primeira medida simbólica do futuro mandato camarário irá consistir na recolocação, a montante da rua de Ferreira Borges, de uma estátua evocativa da Canção de Coimbra, cuja retirada, no Verão de 2020, opôs a Câmara à Junta da União de Freguesias.

“Promover e/ou apoiar uma incubadora de empresas da área cultural e artística” é uma das apostas do sucessor de Manuel Machado (PS). Acresce que José Manuel se propõe “transformar Coimbra em local de referência para grandes eventos culturais”.

A criação de um “Museu de História da Cidade” e colaborar com a Universidade na “recuperação e modernização (…) do Museu da Ciência” também constam das metas da nova maioria camarária.

Aproveitar a chuva

Noutro domínio, o médico defende a promoção da recolha selectiva de lixo, assente no esmero da limpeza de proximidade a que os munícipes não devem ficar indiferentes.

O médico acena ainda, com a melhoria da gestão da água, alertando para o facto de se tratar de um bem escasso, mediante redução das perdas do precioso líquido e incremento da separação das redes de esgotos e de águas pluviais para potenciar o aproveitamento da chuva para regas e limpezas.

A fim de favorecer a fixação de jovens na cidade, “Juntos Somos Coimbra” propõe-se, em parceria com outras instituições, “ajudar a encontrar o primeiro emprego” e remete para apoio a habitação com custos acessíveis.

“Inovar na intervenção social, por exemplo, com um programa ‘Grão a grão…’, destinado a proporcionar actividades ocupacionais remuneradas para os sem-abrigo”, é a antepenúltima das “112 acções” preconizadas.

‘Água pela barba’?

A “melhoria da organização camarária” é um dos aspectos que, por certo, vai dar ao médico ‘agua pela barba’.

O funcionamento autárquico assenta num lastro burocrático e de conservadorismo de pessoal a exercer cargos de chefia há muitos anos, situações que vão exigir uma agilização de comportamentos em ruptura com a inércia instalada.

A receita do médico consiste em “menos burocracia”, conjugada, segundo ele, com diálogo e dinâmica.

Na campanha eleitoral, José Manuel Silva gabou-se de ser mais cosmopolita do que Manuel Machado, tendo-se definido como “dialogante, afável, profissional, competente e possuidor de visão do mundo”.

Para o futuro prefeito, Coimbra foi “reduzida a cidade de alguns serviços públicos em declínio, dependendo excessivamente da Saúde e da Educação”. Em contraponto, ele acena com uma “cidade vibrante a nível cultural, social, empresarial e tecnológico”.

Em declarações à agência noticiosa Lusa, tendo presente os 20 anos de Machado na liderança da Câmara Municipal de Coimbra, Silva indicou aspirar a dois ciclos de quatro anos.

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