Crimes

“A última boleia”: Um desaparecimento, vozes ao telefone e um mistério por resolver há 35 anos

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 25-04-2025

Imagem: DR

O caso de Hélder Cavaco, o jovem de 16 anos desaparecido há 35 anos, continua a assombrar a família.

O desaparecimento de Hélder, que ocorreu no dia 28 de janeiro de 1990, na zona da praia de São Torpes, Sines, permanece sem solução. A mãe, Antónia Ferro, e a irmã, Elsa Cavaco, recordaram o caso em lágrimas, partilhando detalhes novos e inquietantes sobre os telefonemas misteriosos que receberam durante a investigação e o impacto emocional que a busca continua a ter nas suas vidas.

Hélder saiu de casa com a intenção de comprar uma prancha de surf e nunca mais foi visto. Era um adolescente meigo, sociável, com uma paixão por desportos como o bodyboard, surf e a bicicleta de cross. Naquele dia, um amigo tinha combinado entregar-lhe uma prancha naquela praia. No entanto, segundo a mãe de Hélder, a progenitora do amigo ligou-lhe a informar que o filho não iria, pois teria saído com os pais.

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Apesar da mãe não querer que fosse, por causa do tempo (uma vez que tinha chovido no dia anterior), ele insistiu e foi na mesma. Deveria encontrar-se com esse amigo e outros na mesma praia. Não levou o documento de identidade, dinheiro ou comida, mas levou uma mochila. Foi a pé, mas como a distância entre a sua casa e esta praia era de cerca de 15 km parece que apanhou boleia.

Antónia relembra com tristeza o último dia em que viu o filho. “Ele saiu de casa com a mochila, uma mochila azul com riscas amarelas e encarnadas, e nunca mais voltou. A mochila nunca apareceu”, contou no programa “Goucha”, da TVI, visivelmente emocionada. Hélder vestia calças e um blusão de ganga azul, e tinha uma cicatriz por baixo do olho direito. A família mantém a esperança, apesar dos anos que passaram sem respostas claras.

Elsa Cavaco, a irmã de Hélder, também se mostrou revoltada com a forma como a investigação foi conduzida. Apesar disso, ainda acredita que é possível encontrar Hélder com vida. “Ainda há poucos anos me disseram que o tinham visto”, afirmou.

No entanto, o que mais assusta e perturba a família são os telefonemas estranhos que receberam durante a investigação. Antónia Ferro revelou algo inquietante: “Ouvia-se a respiração de uma pessoa, pássaros, eu falava mas do outro lado nada. Num outro telefonema ouvi a voz de uma pessoa a dizer para desligar e a outra dizia: ‘Você disse que eu podia ligar a estas horas'”. E do nada, silêncio novamente. Pediu à PJ para colocar o telefone sob escuta, mas nada foi feito.

O mistério em torno destes telefonemas, que até hoje nunca foram explicados, continua a assombrar a mãe e a irmã de Hélder. O pai morreu em 2019, vítima de cancro, sem saber do paradeiro do filho.

A situação foi ainda mais complicada quando um homem apareceu a afirmar ter dado boleia a Hélder no dia do desaparecimento. Segundo aquela versão, deixou o jovem na praia de São Torpes. Descreveu Hélder, como estava vestido e até disse que o jovem lhe explicou o que ia fazer à praia, mas nada mais se sabe sobre o que aconteceu a seguir. Surgiu também um suspeito, mas o caso permaneceu envolto em muitas reticências, e as autoridades nunca conseguiram encontrar respostas.

Hélder era o filho do meio, com mais dois irmãos, e a dor da sua ausência continua a afetar profundamente a família. A mãe e a irmã, apesar do tempo que passou, continuam a lutar por respostas.

O desaparecimento de Hélder Cavaco é um dos mistérios não resolvidos em Portugal. Será o caso mais antigo de um menor desaparecido. Trinta e cinco anos depois, a família ainda apela por justiça e pela verdade sobre o que realmente aconteceu naquele fatídico dia em janeiro de 1990. A esperança, por mais pequena que seja, persiste, e a família Cavaco continua a acreditar que um dia o mistério será finalmente resolvido.

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