A primavera começou oficialmente esta quinta-feira, 20 de março, mas os primeiros dias da nova estação estão longe de trazer o tempo ameno e soalheiro que habitualmente se associa a esta época do ano.
Em vez disso, Portugal encontra-se debaixo de uma tempestade, com previsão de chuva intensa e ventos fortes, um cenário que deverá manter-se nas próximas semanas.
Segundo as previsões meteorológicas, a primavera será mais húmida do que o habitual, com precipitação persistente até abril e um aumento significativo das temperaturas apenas a partir de maio. De acordo com especialistas citados pela CNN Portugal, a instabilidade atmosférica deve-se, em parte, ao aquecimento acelerado dos oceanos, que intensifica fenómenos meteorológicos extremos.
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O inverno que agora termina consolidou-se como o sétimo mais quente desde 1932, com uma temperatura média do ar 1,7 graus Celsius acima do normal, segundo dados do IPMA. O climatologista Mário Marques destaca a ausência de dias com geadas como um sinal claro do impacto das alterações climáticas. “Os últimos anos mostram uma tendência inequívoca de aquecimento global”, reforça Pedro Matos Soares, investigador na área das alterações climáticas.
Apesar da sensação de um inverno chuvoso, a precipitação ficou 8% abaixo do esperado. Janeiro registou episódios de chuva intensa devido às tempestades Hermínia e Ivo, mas novembro e dezembro foram meses anormalmente secos, contribuindo para o défice de precipitação.
Nos próximos meses, Portugal enfrentará um clima instável, com abril a cumprir o ditado “abril, águas mil”, registando precipitação acima da média. No entanto, a partir de maio, prevê-se uma reviravolta, com um aumento expressivo das temperaturas e calor prolongado. A conjugação do aquecimento do ar com a temperatura elevada do oceano poderá ter impactos significativos, sobretudo nas regiões costeiras.
Os especialistas alertam que esta variabilidade extrema é reflexo das alterações climáticas, que tornam os padrões meteorológicos cada vez mais imprevisíveis. “O excesso de energia gerado pelo efeito de estufa tem sido absorvido pelos oceanos, resultando numa atmosfera mais instável”, conclui Pedro Matos Soares.
Desta forma, a primavera de 2024 arranca debaixo de chuva e vento, mas promete evoluir para um cenário de calor intenso, confirmando a tendência global de um clima cada vez mais extremo e instável.
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