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“A Meu Ver” estreia quinta-feira no Teatrão em Coimbra

Notícias de Coimbra | 5 meses atrás em 26-06-2024

Perto de duas dezenas de atores amadores levam ao palco do Teatrão, em Coimbra, na quinta-feira, a terceira criação do projeto “A Meu Ver”, onde um condomínio espelha um país, em que ninguém toma decisões ou assume responsabilidades.

A estreia de “Condomínio (ponto) PT” está agendada para as 19:00 de quinta-feira, na Oficina Municipal do Teatro de Coimbra, repetindo na sexta-feira, à mesma hora, e no sábado, às 17:00.

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A nova criação do grupo de teatro do projeto “A Meu Ver”, que nasceu de uma parceria entre o Teatrão e a ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal), arranca com diferentes moradores a juntarem-se numa reunião de condomínio para decidir e tomar decisões, que vão adiando porque ninguém se apresenta para assumir responsabilidades e colaborar na construção de um futuro melhor.

Os problemas do dia-a-dia dos moradores de um prédio, que poderia estar em qualquer cidade, refletem as complexidades e os desafios enfrentados por todo um país, onde o medo do desconhecido, o receio de tomar decisões e a resistência à mudança se instalam.

Os problemas individuais sobrepõem-se à urgência de uma decisão coletiva, num condomínio onde “todos ralham e ninguém tem razão: todos querem fazer algo, falam, mas não fazem nada”.

“É um bocadinho como estamos atualmente na vida: é para tentar abrir os olhos para a forma como estamos na vida e a necessidade de se mudar. Como se pode mudar e será que mudamos? Fica no ar…”, indicou Mónica Tavares, uma das encenadoras.

Em declarações à agência Lusa, a outra encenadora Mariana Fonseca sublinhou que “este condomínio é quase uma metáfora do país”.

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“Serve também para percebermos o que une um grupo, mas também o que o paralisa e em que momento se move e junta para decidir algo. Qual o momento em que as vidas pessoais de cada um travam este processo”, referiu.

Ao longo de sensivelmente uma hora, as personagens acusam-se, falam mal uns dos outros, elencam problemas quotidianos, nomeadamente as dificuldades que os casais enfrentam para conseguir habitação em caso de divórcio ou simplesmente para gerir um condomínio, que acaba entregue à inteligência artificial, que se torna coproprietária de uma fração.

As 18 personagens são encarnadas por pessoas com idades entre os 25 e os 75 anos, 12 delas com deficiência visual.

“Condomínio (ponto) PT”, escrito por Sandra Pinheiro, é o terceiro espetáculo do projeto “A Meu Ver”, que arrancou em 2021.

Em 2022 apresentou “O que é invisível”, realizado apenas por pessoas cegas ou de baixa visão; subindo depois ao palco, em 2023, “O senhor Biedermann e os incendiários”.

“No segundo ano, às pessoas cegas e com baixa visão juntaram-se outros convidados, independentemente da sua condição. Este ano abrimos à comunidade, dando voz a um grupo de pessoas, independentemente da sua condição, mas valorizando a sua condição”, disse ainda a encenadora Mariana Fonseca.

O projeto “A Meu Ver” é financiado pelo Programa PARTIS & Art for Change, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação la Caixa, e pela Direção-Geral das Artes/República Portuguesa.

De acordo com o Teatrão, este projeto trouxe também mudanças à forma como opera e gere a Oficina Municipal de Teatro.

“A equipa de trabalho fez um conjunto de formações sobre acessibilidade em espaços culturais e passámos a oferecer serviços de audiodescrição, a fazer parte da Rede de Teatros com Programação Acessível, a acolher, produzir e coproduzir espetáculos com artistas profissionais e amadores com deficiência, a programar os projetos e trabalhar com parceiros internacionais similares”, evidenciou.

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