Vivemos aqueles dias de que me não lembro, entretido entre cueiros e chupetas, passeis três anos salazarentos sem me aperceber. Porém, lido o antigo, comparado com o novo, esses dias do Estado Novo foram-nos dados como de estabilidade nacional, silêncios e cacetadas. Mantemos as vozes discordantes do regime, mas as palavras estão lá, no nacionalismo das vozes e no perigo das promessas vazias.
Um novo fascismo, já soltaram o arrasar dos impostos prediais, pelo que a malta já não quer ouvir mais nada. E, contudo, quando vemos os jornais e lemos que os políticos é que são, afinal, os donos disto tudo, percebemos melhor o país do risco ao meio, a escassa representatividade dos círculos eleitorais. Disso não fala o bruxo de Fafe.
Ululantes com a vaga, os liberalistas, que não é a mesma coisa que liberais, estão a travar nas efusões com que celebravam o novo mundo. As quedas nas bolsas só não assustam porque, de tão grandes os números, tomamo-los como algoritmos, fidúcia e não monetarismo.
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Com as primeiras projeções a revelar um abrandamento do PIB, mesmo que haja quem vibre com ganhos nos dias sim das bolsas mundiais, esquecidos, por lá, que a China é a segunda maior detentora de dívida norte-americana. São 759 mil milhões de dólares. Ora se o chineses, por exemplo, acordassem com as faces rosadas de nacionalismo, aonde iriam o dólar e os juros da dívida? É sempre mais fácil empurrar com a barriga, do que pagar aos credores.
Afinal, o apoio a Trump, e sobremodo a adesão às suas políticas, é um perigo.
Numa Europa que tem o inimigo infiltrado, culpa do senhor da tanga, descobrimos agora os rendimentos dos militares, quando os donos disto não prestam contas.
É o que todos queremos saber, mas não é o que nos dizem.
Se reduzirmos imigração, faltará mão de obra e a sustentabilidade da Segurança Social em risco. E, claro, o défice ao virar da esquina. Em 2023 as exportações de bens e serviços para os EUA atingiram os 8,9 mil milhões de euros, revelam dados do Gabinete de Estratégia e Estudos. E nós, arrumamos-lhe com 10 mil milhões de euros e as isenções fiscais que em Portugal só os proletários é que pagam impostos.
Vantagens, só a curto prazo e foi isso que o Goucha nos deu a saber. Faz lembrar, neste país que reclama por comporem umas pedras no Vimieiro, os corvos. Sim, temos polícias de farda preta, cara tapada e sem identificação durante operações.
Belo país que apostas, cimentos e gasolineiras nos dão.
E de verdade em perceção, lá vem o rapaz com a imigração.
Entretidos, esquecemos o essencial. Gozamos com a mochila europeia e não largamos navios ao mar e aviões aos céus.
Está tudo país. É o oásis. E bem vemos no que deu.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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