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A hora que nos engana. Eis o motivo para continuarmos a mudar os ponteiros

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 20 horas atrás em 31-03-2025

Imagem: depositphotos.com

No domingo, 30 de março, Portugal continental e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores avançaram os relógios uma hora, dando início ao horário de verão.

A mudança aconteceu pouco depois da meia-noite: em Portugal continental e na Madeira, quando foram 1:00, os relógios começaram a marcar 2:00, enquanto nos Açores, a alteração ocorreu às 0:00.

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Mas, afinal, porque é que ainda mantemos esta prática de mudar a hora? A mudança de hora tem raízes no século XVIII, mas foi oficialmente adotada em Portugal em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, como forma de otimizar a utilização da luz solar e poupar energia. A medida foi inspirada pela Alemanha e outros países europeus e visava reduzir o consumo de energia, especialmente em tempos de conflito. Ao longo do século XX, Portugal suspendeu e retomou esta prática diversas vezes. Foi na década de 1970, após a crise do petróleo, que a mudança de hora se tornou uma prática permanente, com o objetivo de promover a eficiência energética.

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No entanto, a justificação original para a mudança – a poupança de energia – já não é válida nos dias de hoje. Segundo Ariadna Güell Sans, diretora-adjunta da Time Use Initiative, “provou-se que a medida estava errada, uma vez que foi pensada numa época sem Internet e com um consumo de energia bem diferente do atual.”

A escolha das 2 horas da madrugada para a mudança de hora não é acidental. No início do século XX, quando os comboios dominavam os transportes, essa hora foi escolhida devido ao baixo tráfego ferroviário, garantindo que a alteração não afetasse a circulação dos comboios. Além disso, essa hora foi considerada a mais estável em termos de fuso horário, evitando confusões administrativas, como erros em servidores e bancos.

Do ponto de vista técnico, a mudança durante a madrugada minimiza o impacto na vida quotidiana, uma vez que a maioria das pessoas está a dormir e não será afetada pela alteração.

O regime atual de mudança de hora é regulamentado por uma diretiva da União Europeia de 2000, que estabelece que todos os anos os relógios devem ser adiantados e atrasados uma hora, no último domingo de março e outubro, respetivamente. Contudo, a proposta de abolir a mudança de hora permanece suspensa. Em 2018, uma sondagem revelou que 84% dos cidadãos europeus são contra a prática, e a Comissão Europeia chegou a propor o fim da mudança sazonal. No entanto, os governos nacionais não chegaram a um consenso sobre qual horário manter – o de verão ou o de inverno – o que fez com que a proposta fosse adiada, dá conta o ZAP.

Espera-se que a questão seja novamente debatida durante a presidência lituana do Conselho da UE, em 2027, podendo, nesse caso, forçar Portugal a escolher entre manter o horário de verão ou o de inverno permanentemente.Embora a mudança de hora seja uma prática comum, vários estudos alertam para os impactos negativos na saúde. A alteração pode desajustar o ritmo biológico do corpo humano, resultando em privação de sono, alterações no humor, na memória e em capacidades psicomotoras. Este efeito é ainda mais acentuado em países da Europa Ocidental, como Espanha e França, onde o horário de verão provoca amanheceres e entardeceres mais tardios, afetando os ritmos naturais da população.

O próximo ajuste para o horário de inverno ocorrerá a 26 de outubro.

A discussão sobre a mudança de hora continua a ser um tema relevante, não só para a prática cotidiana, mas também para a saúde e o bem-estar da população.

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