Coimbra
“A casa até aguentou bem, mas como não há telhado quando chove a água cai para dentro”
Uma família de três pessoas vive desde sábado numa casa cujo telhado foi destruído pela queda de dois pinheiros durante a tempestade Leslie, na Figueira da Foz, mas as autoridades garantem a retirada das árvores na sexta-feira.
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A casa de dois pisos, na qual residem avô e dois netos, localizada numa zona florestal da povoação da Cova da Serpe, a norte da Figueira da Foz, foi atingida por dois pinheiros de grande porte, com cerca de 20 metros cada um, que destruíram o telhado e o sótão, constatou hoje a Lusa no local.
Tiago Costa, de 21 anos, que reside na casa com o irmão de 19 anos e o avô de 77 anos, disse que os pinheiros caíram durante a tempestade, na noite de sábado, enquanto estava a dormir.
“A casa até aguentou bem, mas como não há telhado quando chove a água cai para dentro, no quarto do meu avô e noutro que não está a ser utilizado”, afirmou Tiago Costa.
No domingo, o avô, José Manuel, reportou o caso à GNR e, na segunda-feira, uma equipa de sapadores florestais deslocou-se ao local para avaliar a situação, mas as árvores, cinco dias depois da tempestade Leslie atingir o concelho “estão na mesma”, alegou.
Tiago Costa admitiu que as autoridades quiseram realojar os moradores, mas o avô recusou sair.
“Os senhores da Proteção Civil estiveram cá hoje e disseram que podiam pedir à Segurança Social que nos desse alojamento, mas o meu avô não quis sair. Os mais velhos aqui por estas terras nunca querem abandonar as suas coisas”, argumentou o jovem.
Ainda segundo o morador, as duas árvores que caíram em cima da casa estão num terreno anexo a esta e teriam sido já vendidas a um madeireiro que não as cortou, depois de em 2017 o avô se ter queixado às autoridades sobre o perigo que os pinheiros representavam.
Ouvido pela Lusa, Jorge Piedade, comandante interino dos Bombeiros Municipais e da Proteção Civil da Figueira da Foz, disse ter estado no local hoje e explicou que as árvores serão retiradas na sexta-feira com o auxílio de meios de outro madeireiro que está a laborar perto dali.
“Avaliámos as condições e para retirar as árvores teria de ser com uma grua. Ainda pusemos a hipótese de utilizar a autoescada dos Bombeiros Voluntários, mas concluímos que não, que teria de ser uma intervenção muito mais musculada. E o madeireiro que estava ao lado a trabalhar comprometeu-se a tirar aquilo dali da melhor forma, com as máquinas que tem”, adiantou Jorge Piedade.
A operação de retirada dos pinheiros deverá ser realizada na sexta-feira, com o auxílio da Proteção Civil municipal e, eventualmente, de meios da EDP, já que existe um cabo de energia elétrica que atravessa a propriedade.
O município da Figueira da Foz, no distrito de Coimbra, foi referenciado como o ponto de entrada em terra da tempestade Leslie e registou, no sábado à noite, uma rajada de vento que atingiu 176 quilómetros por hora, valor mais elevado registado em Portugal.
A autarquia registou no concelho prejuízos estimados em mais de 32 milhões de euros.
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