Coimbra
Água turva no rio Ceira deve-se ao arrastamento de grande quantidade de materiais sólidos
A turvação que se verifica desde domingo na água do rio Ceira deve-se à “forte e intensa” precipitação registada na tarde do mesmo dia nas encostas a montante de Góis, disse a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
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Em nota enviada à agência Lusa, a APA explica que a “intensa precipitação de granizo ocorrida na tarde de domingo, nas encostas da zona das cabeceiras dos rios Alva e Ceira, arrastou grandes quantidades de materiais sólidos, os quais se encontram ainda em suspensão nas albufeiras de pequenos açudes e barragens”.
“Esta situação resulta da forte erosão hídrica potenciada pela ausência de vegetação nas encostas, ardida nos fogos do passado verão”, refere o comunicado, acrescentando que estas linhas de água devem retornar “à normalidade com a decantação deste material dentro dos próximos dias ou semanas”.
A APA esclarece que, no âmbito das suas competências, ordenou a retenção, pelo maior tempo possível, dos caudais na albufeira da barragem de Avô, no rio Alva, através do fecho de comportas e impedimento de turbinar.
Medida que, no rio Ceira, pela ausência de barragens, “não se pode tomar a mesma medida”, salienta.
A APA refere ainda que o Ministério do Ambiente, logo a seguir aos incêndios de 2017, celebrou protocolos com os municípios afetados para financiar (cerca de 16 milhões de euros) e apoiar no desenvolvimento de ações de proteção das linhas de água, “com o objetivo de minimizar o efeito da erosão hídrica das encostas e aumentar a resiliência da vegetação ribeirinha aos incêndios florestais”.
“Infelizmente, esta ocorrência de precipitação excecional, em período também ele excecional, adiantou-se às intervenções programadas pelos municípios, no âmbito dos protocolos celebrados”, lê-se na nota.
Na quinta-feira, a presidente da Câmara de Góis, Lurdes Castanheira, queixou-se de que a água turva no rio Ceira está a afetar gravemente o turismo no município.
“É preciso perceber o que está a acontecer, pois a situação é muito estranha e está longe de melhorar”, disse a autarca, que falou em prejuízos consideráveis na área do alojamento e restauração.
Segundo Lurdes Castanheira, a situação “está a afetar gravemente o turismo e os comerciantes estão desmotivados, com a grande maioria das reservas de alojamento a serem canceladas”.
Todas as praias fluviais de Góis, desde Colmeal, Cabreira, Pego Escuro, Peneda e Canaveias, que nesta altura do ano atraem centenas de pessoas, estão afetadas pela água turva e castanha, que afasta os veraneantes e “descapitaliza a dinâmica económica”.
Desde quarta-feira que o município de Góis iniciou uma captação no rio Sótão, no concelho de Góis, para abastecer as freguesias de Góis e Vila Nova do Ceira, através do transporte da água em cisternas para os reservatórios de abastecimento.
No município da Lousã, a situação também obrigou a Câmara a interromper na quarta-feira a captação de água para abastecimento da freguesia de Serpins, que foi retomada parcialmente na quinta-feira.
A autarquia continua no terreno a implementar medidas para garantir o fornecimento de água para consumo humano.
O município lousanense pediu às entidades competentes, nomeadamente à Agência Portuguesa do Ambiente, informações relativamente às causas que motivaram tão fortes impactos negativos nesta semana. A informação que nos foi prestada é que a forte turvação que ainda se verifica, se deveu às chuvas ocorridas no passado domingo em zonas a montante.
Atendendo a informações que foram prestadas por vários cidadãos, relativamente a eventuais movimentações de terras efetuadas por máquinas de grande porte, a montante do concelho da Lousã, a edilidade solicitou ao SEPNA (Serviço de Proteção de Natureza e Ambiente) que realize as diligências que entenda por convenientes.
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